A maioria das crianças diagnosticadas com câncer que deixaram Gaza nesta semana em busca de tratamento chegou à Jordânia com “estágios avançados” da doença, confirmou o Dr. Asem Mansour, diretor-geral do Centro Médico de Oncologia Rei Hussein.
De acordo com informações atualizadas, na semana passada, da Organização Mundial da Saúde (OMS), doze crianças com câncer ou doenças hematológicas deixaram Gaza até o momento, ao Egito e Jordânia.
Conforme dados do Ministério da Saúde de Gaza, contudo, em torno de 28 mil pacientes ainda requerem cuidados no exterior, sobretudo em caráter de urgência.
Segundo o jornal Times of Israel, apenas mulheres podem acompanhar as crianças, sob a escolta das forças militares da ocupação e com autorização para levar somente um saco de roupas, um celular e um carregador.
Mansour detalhou as condições de seus novos pacientes em postagem no Facebook, ao reiterar o caso de uma criança de Gaza um tumor em seu globo ocular, incluindo o exame de tomografia, que corrobora a gravidade do caso.
“Se essa criança fosse transferida antes, poderíamos ter salvado seu olho, com uma taxa de recuperação bastante alta para este tipo de tumor”, notou Mansour. “Porém, o Estado da ocupação israelense impediu sua saída, assim como de milhares de outros pacientes, levando a criança a chegar a um estágio bastante avançado de sua doença”.
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Israel mantém bombardeios indiscriminados a Gaza há 13 meses, com 44 mil mortos, 104 mil feridos e dois milhões de desabrigados, sob cerco militar absoluto, sem comida, água ou medicamentos — entre os itens obstruídos, insumos de quimioterapia.
Ao longo de sua campanha, Israel tem impedido a saída de pacientes. Ambos os hospitais especializados em Gaza — incluindo contra o câncer infantil — foram atacados; um deles fechou as portas, corroborou a OMS.
Em abril, em sua segunda ofensiva contra o Hospital al-Shifa — maior de Gaza —, tropas israelenses destruíram alas inteiras, incluindo cirurgias especializadas, recepção, pronto-socorro, cuidados renais, oncologia, maternidade e queimaduras.
Antes da escalada, cerca de cem pacientes deixavam Gaza diariamente para receberem o devido tratamento médico — um entre cada quatro, crianças; um entre cada três, doentes com câncer.
Conforme estimativas da OMS, ao menos dois terços dos hospitais no território palestino estão inoperantes, após um ano de bombardeios, invasões e sítio militar de Israel, apesar da crise sanitária, da epidemia de fome e do altíssimo volume de feridos.
Em outubro, em meio a uma nova escalada ao norte, Israel bombardeou sucessivas vezes os hospitais Kamal Adwan, Al-Awda, Indonésio e Al-Yemen Al-Saeed, no objetivo de coagir as famílias palestinas a esvaziar a área, em meio a esforços de limpeza étnica.
Centenas de pacientes, enfermeiros, médicos e refugiados foram detidos, interrogados e torturados, reportaram numerosas testemunhas.
Israel age em desacato de uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas, além de medidas cautelares por acesso humanitário do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, onde é réu por genocídio desde janeiro.
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