Patricia Ferguson, deputada britânica pelo Partido Trabalhista, chefiado pelo premiê Keir Starmer, alertou que provas apresentadas por médicos sugerem que drones israelenses, controlados por soldados, alvejam deliberadamente crianças palestinas, como se fosse um “videogame perverso”.
As informações são da agência de notícias Anadolu.
Durante debate sobre a crise humanitária nos territórios palestinos ocupados, conduzido na Câmara de Westminster, na terça-feira (19), Ferguson comentou as evidências levadas ao plenário pelo Prof. Dr. Nizam Mamode — cirurgião vascular aposentado que operou em zonas de conflito, incluindo Gaza.
Ferguson disse a seus colegas que, antes de apreciar as evidências, “pensava ter visto de tudo — morte, doença e pura brutalidade nas telas de TV, noite após noite”.
“Então vi a apresentação do professor Mamode”, acrescentou. “Ele falava devagar e bem calmamente, sobre sua experiência drástica na Palestina, ao recorrer a slides e um diário em vídeo”.
O professor Mamode nos mostrou lesões perfurantes simétricas no corpo de uma criança. Ferimentos em uma região do corpo que tem as principais artérias — precisas o bastante para as interpretarmos como algo feito pelo homem, trabalho de um franco-atirador. Foram, na verdade, causadas por um drone, ao atacar civis inocentes e, neste caso, uma criança.
“Para mim, este e o cálculo frio de usar máquinas para matar crianças”, notou Ferguson. “Parecia, para mim, um tipo de videogame perverso, como o aspecto mais perturbador da apresentação do professor Mamode, somando-se às estatísticas”.
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Ferguson sugeriu que crianças feridas pela campanha em Gaza podem ser transferidas ao Reino Unido e à Europa, para receber tratamento. No território, dois terços dos hospitais pararam de funcionar após sucessivos bombardeios e invasões de Israel.
Alex Ballinger, outro deputado trabalhista, estimou a morte de uma criança em Gaza, sob os ataques israelenses, a cada dez minutos.
Ao defender, no entanto, a “resposta” de Israel, Ballinger insistiu que o “desprezo às vidas civis e o fracasso em assegurar o acesso humanitário adequado ao conduzir sua resposta é absolutamente inaceitável”.
Para Anneliese Dodds, ministra de Igualdade de Mulheres do Reino Unido: “Está bastante claro que Gaza está tomada por uma catástrofe humanitária. Em 12 de novembro, o alerta do Comitê de Avaliação da Fome marcou um novo recorde negativo, com a iminência de uma epidemia de fome nas áreas ao norte”.
“Fome, desnutrição e as mortes relacionadas sobem rapidamente, assim como o risco de doenças”, advertiu a ministra. “Hoje, o norte de Gaza não tem mais hospitais inteiramente operantes. Doentes e feridos precisam deixar Gaza para tratamento”.
Os comentários dos deputados e ministros trabalhistas contrastam com o negacionismo do premiê, Starmer, e do chanceler, David Lammy, que voltaram a rejeitar nesta semana o termo “genocídio” para descrever as ações de extermínio empregues por Israel.
Israel mantém ataques a Gaza desde 7 de outubro de 2023, como punição coletiva a uma ação transfronteiriça do grupo Hamas que capturou colonos e soldados. Apesar de Israel estimar 1.200 mortes na ocasião, reportagens do Haaretz, sobre indícios de “fogo amigo” que põem em dúvida as alegações.
Em Gaza, são mais de 43.900 mortos, 104 mil feridos e dois milhões de desabrigados sob cerco absoluto — sem comida, água e medicamentos —, à medida que Israel conserva o apoio de Estados ocidentais.
Israel age em desacato de uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas, além de medidas cautelares por acesso humanitário do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, onde é réu por genocídio desde janeiro.
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