Presidente Lula pede ação urgente em Gaza na cúpula do G20

O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva abriu a 19ª cúpula do G20 no Rio de Janeiro ontem e aproveitou a oportunidade para destacar a catástrofe humanitária em Gaza. O genocídio israelense em andamento contra os palestinos em Gaza matou pelo menos 44.000 pessoas, principalmente mulheres e crianças, e feriu outras 104.000. Estima-se que 11.000 pessoas estejam desaparecidas, presumivelmente mortas, sob os escombros de suas casas e outras infraestruturas civis destruídas por Israel. Milhões foram deslocados, a maioria em várias ocasiões, e a população enfrenta a fome devido ao bloqueio de Israel à ajuda humanitária.

Lula reafirmou o direito do povo palestino à autodeterminação, ressaltou a necessidade urgente de abordar a crise humanitária e pediu maior ajuda internacional a Gaza. Ele também defendeu uma paz abrangente e duradoura no Oriente Médio.

“Afirmando o direito palestino à autodeterminação, reiteramos nosso compromisso inabalável com a visão de uma solução de dois estados, onde os palestinos coexistem pacificamente dentro de fronteiras seguras e reconhecidas, consistentes com o direito internacional e resoluções relevantes da ONU”, disse o presidente brasileiro. “Estamos unidos em apoio a um cessar-fogo abrangente em Gaza.”

Ele enfatizou ainda que qualquer cessar-fogo deve estar alinhado com as resoluções da ONU, incluindo aquelas patrocinadas pelos EUA, e deve manter as obrigações sob o direito humanitário internacional.

A Cúpula dos Líderes do G20 está sendo sediada pelo Brasil e reuniu líderes de todos os dezenove estados-membros, juntamente com representantes da União Africana e da União Europeia. Os participantes incluíram líderes mundiais proeminentes como Joe Biden, Xi Jinping, Recep Tayyip Erdogan, Emmanuel Macron e Narendra Modi.

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A declaração conjunta final da cúpula abordou várias questões globais urgentes, incluindo o genocídio de Gaza, a guerra na Ucrânia, as mudanças climáticas e as reformas da governança global. Notavelmente, ela pediu reformas no Conselho de Segurança da ONU, refletindo um consenso crescente entre os estados-membros sobre a necessidade de uma representação mais equitativa na tomada de decisões internacionais.

Mais cedo, o presidente Lula abordou o genocídio na Faixa de Gaza durante seu discurso na cúpula Urban 20 no domingo, à margem do G20 focado no desenvolvimento urbano e no financiamento das cidades. O líder brasileiro destacou o impacto devastador das bombas de Israel em Gaza.

“A Faixa de Gaza, um dos assentamentos urbanos mais antigos da humanidade [4000 a.C.], teve dois terços de seu território destruídos por bombardeios indiscriminados”, disse Lula. “Oitenta por cento de suas instalações de saúde não existem mais. Sob seus escombros estão mais de 40.000 vidas perdidas.”

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Lula tem sido franco em suas críticas às ações de Israel, apoiando o caso de genocídio da África do Sul contra o estado do apartheid na Corte Internacional de Justiça em Haia. Israel designou o líder brasileiro como persona non grata.

Um dos que Lula conheceu à margem da cúpula é o presidente egípcio Abdel Fattah Al-Sisi. Os dois líderes discutiram a crise em andamento na Faixa de Gaza e outros territórios palestinos ocupados. Ambos expressaram profunda preocupação com as ações de Israel nos territórios palestinos, enfatizando a necessidade de ação internacional sobre a crise humanitária e política na região.

Milhares se aglomeraram na área de Copacabana, no centro da cidade do Rio, apesar da chuva forte, para protestar contra o genocídio cometido por Israel contra o povo palestino. Mais de 300 organizações populares e sindicais brasileiras participaram de uma marcha massiva, com participantes pedindo a Lula que “corte os laços com Israel por causa do genocídio”.

Embora medidas de segurança rigorosas tenham sido impostas pelo governo brasileiro, os organizadores insistiram em realizar a marcha para enviar uma mensagem poderosa sobre a importância da causa palestina no cenário internacional. Eles visavam pressionar os líderes reunidos a denunciar o estado de ocupação e pediram a inclusão de referências ao genocídio contra o povo palestino na declaração final da cúpula, bem como confrontar os interesses imperialistas dos Estados Unidos e de Israel.

 

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