A Revolução de 1936-1939 na Palestina: histórico, detalhes e análise

Publicado três meses antes do lançamento da operação de resistência palestina do ano passado, Tempestade de Al-Aqsa, The Revolution of 1936–1939 in Palestine: Background, Details, and Analysis, do falecido escritor e ativista político Ghassan Kanafani, e traduzido por Hazem Jamjoum, é um relato envolvente de um dos capítulos mais cruciais e ainda sub-representados da história palestina moderna, que abriu caminho para a Nakba.

Nesta análise detalhada, Kanafani decompõe a complexa interação de forças durante a revolta palestina contra o domínio colonial britânico e o assentamento sionista, dando vida à dinâmica sociopolítica da época. Este livro não é apenas uma exploração da história, é uma continuação do compromisso de Kanafani ao longo da vida de examinar as condições do povo palestino, um tema que é central para grande parte de sua obra.

Assassinado pelo Mossad israelense e conhecido como “o comando que nunca disparou uma arma”, Kanafani foi um defensor ferrenho da libertação palestina, e sua empatia pelos oprimidos brilha neste livro. Sua proeza literária, frequentemente celebrada em seus romances e contos, está igualmente presente aqui, enquanto ele se esforça para tornar os eventos históricos acessíveis e profundamente humanos. Ele escreve não apenas para informar, mas para evocar as experiências vividas pelos envolvidos, forçando os leitores a se envolverem com o “imenso trauma e a violência direta do genocídio colonial”. Isso é evidente em seu retrato do campesinato e da classe trabalhadora palestinos, cuja resiliência e cujo sacrifício estão no cerne da luta revolucionária.

A exploração de Kanafani da Revolução de 1936-1939, que, como o historiador Maher Charif escreve no posfácio, foi “o período em que o destino da Palestina foi decidido”, prepara o cenário com uma avaliação dos contextos socioeconômicos de várias classes na Palestina — os trabalhadores, camponeses e intelectuais —, cada um dos quais desempenhou um papel vital na revolta.

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Ao descrever os trabalhadores, Kanafani retrata as duras condições que eles enfrentaram sob o domínio colonial britânico e a expansão sionista, condições que acabaram gerando uma resistência coletiva:

“Os países árabes vizinhos desempenharam dois papéis contraditórios neste momento: ao mesmo tempo em que os movimentos das massas árabes deram força ao espírito revolucionário das massas palestinas […], os regimes que dominavam essas sociedades fizeram tudo o que podiam para pôr fim ao movimento das massas palestinas.”

Essa dualidade — solidariedade das massas versus traição da liderança — é um tema recorrente no trabalho de Kanafani. Os paralelos com a situação contemporânea são notáveis, particularmente o “regime colaboracionista” da Transjordânia, ou Jordânia, como é conhecido hoje. Hoje, o reino Hachemita é um dos estados árabes que impedem a resistência da região contra o Estado de ocupação.

A Revolução de 1936–1939 na Palestina foi pré-selecionada para o Palestine Book Awards deste ano. Clique aqui para ler a resenha completa no site da PBA.

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