O Egito pode ser a nação mais afetada por uma possível escalada no Mar Vermelho, disse neste domingo (24) seu ministro de Relações Exteriores, Badr Abdelatty, durante coletiva de imprensa realizada no Kuwait.
Abdelatty advertiu que a militarização do Mar Vermelho deve ferir gravemente o comércio global e a economia egípcia, sobretudo pela queda substancial nos recursos do Canal de Suez, devido a tensões “inaceitáveis” que tomam a rota marítima.
Durante sua visita ao Estado do Golfo, Abdelatty se reuniu com seu homólogo kuwaitiano, Abdullah al-Yahya. De acordo com o embaixador Tameem Khalaf, porta-voz do ministério no Cairo, ambos enfatizaram diretivas de relações bilaterais.
Os ministros destacaram ainda a importância de seguir as conclusões da 13ª sessão do chamado Alto Comitê Conjunto, realizado no Cairo em setembro, incluindo memorandos de entendimento e programas de cooperação em níveis político, econômico, comercial, educacional, cultural e consular.
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A próxima sessão será realizada no Kuwait.
Os encontros coincidem com tensões regionais no contexto do genocídio israelense em Gaza, há 13 meses, incluindo cerco absoluto com a tomada da travessia de fronteira de Rafah, com o Egito, pelas tropas de Tel Aviv.
Neste entremeio, mais de 44 mil palestinos foram mortos e 105 mil feridos, além de dois milhões de desabrigados sem comida, água ou medicamentos.
O regime egípcio, sob comando do presidente e general Abdel Fattah el-Sisi, vive pressão interna — sem precedentes desde o golpe de 2013 — por um posicionamento mais firme frente a Israel, além de crise em Suez que se soma ao colapso econômico de anos.
O Mar Vermelho é tomado por tensões, à medida que o grupo Ansar Allah, ou houthis, que governam o Iêmen, aplicaram um embargo de facto a embarcações comerciais ligadas a Israel e aliados, apesar de represália militar de Londres e Washington.
As ações houthis representam solidariedade prática aos palestinos de Gaza e forçaram a navegação comercial a retornar, em grande parte dos casos, à rota muito mais onerosa e extensa do Cabo da Boa Esperança, ao contornar o continente africano.
As medidas se somam a disparos esporádicos de grupos iraquianos contra embarcações israelenses rumo aos portos da ocupação.
Israel ameaça ainda atacar o Irã, ligado às organizações supracitadas, além de manter os ataques indiscriminados a Gaza e a recente invasão ao Líbano — contida, até então, pelo grupo Hezbollah.
Há receios de que a guerra israelense se espalhe por toda a região.