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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Procurado por crimes de guerra, Gallant mantém viagem aos EUA

Yoav Gallant, então ministro da Defesa de Israel, em 4 de maio de 2023 [Menelaos Myrillas/AFP via Getty Images]

O ex-ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, mantém seus planos para viajar à capital dos Estados Unidos, Washington DC, apesar de um mandado de prisão emitido na última quinta-feira (21) pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia, pelos crimes de guerra cometidos pelo exército ocupante, sob seu comando, na Faixa de Gaza.

Seus planos de viagem foram corroborados pela imprensa israelense nesta segunda-feira (25). Segundo a rádio militar Kan, o ex-ministro e general reformado deve realizar reuniões com oficiais de segurança dos Estados Unidos.

Não há, contudo, data programada para a visita até então.

Gallant se tornou oficialmente procurado internacional junto de seu ex-chefe e primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu após seis meses de procrastinação do painel pré-julgamento em Haia sobre a solicitação do promotor-chefe, Karim Khan.

Acompanham ambos Mohammed Deif, líder militar do Hamas, tido, todavia, como morto pela ocupação israelense desde julho.

Gallant foi responsável por ordenar o cerco militar absoluto — sem comida, água, energia elétrica ou medicamentos — contra Gaza em outubro de 2023, ao declarar os 2.4 milhões de palestinos no enclave como “animais humanos”.

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Desde então, a retórica desumanizante de Israel — ecoada pelo premiê, entre outros — se converteu em prova nas cortes internacionais, sobretudo na denúncia da África do Sul por crime de genocídio deferida em janeiro pelo Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), corte-irmã do TPI, também em Haia, que julga Estados.

Gallant foi exonerado em novembro, após meses de divergências com Netanyahu sobre o seguimento das campanhas militares em Gaza e no Líbano.

Conforme regulações do TPI, no entanto, não há julgamentos in absentia, ao exigir que os réus estejam fisicamente presentes diante dos juízes. A corte, todavia, carece de força de polícia, de modo que Estados-membros devem colaborar com a detenção.

Nem Israel nem Estados Unidos são signatários do Estatuto de Roma, carta fundadora da corte em Haia, de modo que a tramitação do caso parece restrita. Logo na quinta-feira, a Casa Branca do democrata Joe Biden rechaçou a decisão da corte.

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Outros 124 países, não obstante, são signatários da carta, obrigados pela lei internacional a deter os foragidos, caso pisem em seu território. Apesar de contragosto, nações aliadas, como Itália, França, Holanda e Canadá, indicaram acatar à corte, se necessário.

Os mandados se referem ao genocídio israelense em curso na Faixa de Gaza, com 44 mil mortos e 105 mil feridos, além de dois milhões de desabrigados. Dentre as fatalidades, ao menos 17 mil são crianças.

A corte admitiu ainda “uso da fome como método de guerra”. Sob as diretrizes de Gallant, subscritas por Netanyahu, dezenas morreram de fome.

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