Cessar-fogo entre Israel e Hezbollah entra em vigor; ignora Gaza

Um acordo de cessar-fogo entre Israel e o movimento libanês Hezbollah, sob a mediação de Estados Unidos e França, entrou em vigor no Líbano, às 4h00 locais (2h00 GMT; 23h00 no horário de Brasília).

Sob o novo acordo, as Forças Armadas do Líbano empregarão tropas ao sul do país dentro de 60 dias, período no qual Israel deve gradualmente retirar suas forças. O acordo requer ainda que o Hezbollah remova seu contingente ao norte do rio Litani.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, alegou que, embora sem enviar tropas, “nós, junto da França e de outros, forneceremos a assistência necessária para garantir que este acordo seja implementado plena e efetivamente”.

“Civis de ambos os lados logo poderão retornar a suas comunidades, em segurança, para reconstruir suas casas, suas escolas, suas fazendas, seus negócios e suas vidas”, insistiu Biden.

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Segundo os relatos, entre cinco mil e dez mil soldados libaneses serão enviados à zona de fronteira israelo-libanesa, na região do rio Litani, a fim de impedir a eventual reposição de grupos armados, conforme a Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU.

Na segunda-feira (25), enquanto o acordo era prenunciado por líderes ocidentais, ataques israelenses deixaram ao menos 55 mortos e 160 feridos em solo libanês, elevando baixas a 3.823 mortos e 15.859 feridos — sobretudo nos últimos 45 dias.

Estima-se ao menos 1.32 milhão de libaneses deslocados à força.

Nas horas que antecederam o anúncio, Israel bombardeou o centro e a periferia ao sul de Beirute, além de províncias ao sul e leste do país, com dezenas de mortes e feridos.

O cessar-fogo, supostamente permanente — tomado por dúvidas —, sucede 14 meses de troca de disparos transfronteiriços entre Israel e Hezbollah, além de quase dois meses de invasão israelense por terra ao Líbano, contida pela resistência libanesa.

O Hezbollah não atendeu às conversas, ao negociar indiretamente através de Nabih Berri, presidente do parlamento libanês.

A escalada, com receios de uma guerra regional, coincide com o genocídio israelense em Gaza, desde outubro de 2023, com mais de 44 mil mortos, 105 mil feridos e dois milhões de desabrigados sob cerco absoluto — sem comida, água ou medicamentos.

O cessar-fogo no Líbano ignorou Gaza.

As ações de Israel seguem em desacato a ordens cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, onde o Estado ocupante é réu por genocídio desde janeiro.

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