A Autoridade Penitenciária de Israel intensificou as condições desumanas instituídas aos presos políticos palestinos no presídio de Ofer, no norte da Cisjordânia ocupada, ao privá-los de comida, medicamentos e outros bens essenciais, sobretudo nos últimos 14 meses, no contexto do genocídio em Gaza.
De acordo com comunicado publicado nesta terça-feira (26) pela Comissão de Detidos e Ex-Detidos, organização que monitora direitos humanos nas cadeias de Israel, uma visita de advogados à prisão confirmou as violações, agravadas à véspera do inverno.
Prisioneiros nas alas 18 e 21 carecem, por exemplo, de cobertores e blusas. “A comida é pouca e ruim e os carcereiros tomam tudo das celas, desde lençóis a caixas, utensílios de cozinha, Alcorões e tapetes de oração”, registraram os relatos.
Segundo o advogado, incomunicável durante a visita, “cada vez que entrava em uma cela, ao menos cinco soldados aguardavam na porta, a fim de intimidá-lo”.
“Os prisioneiros estavam em condições deploráveis”, observou o advogado. “Haviam sido agredidos pouco antes da visita e foram mantidos algemados e vendados durante toda a minha estadia”.
Entre os prisioneiros visitados, prosseguiu o relato, está Osaid Hamed, de apenas 21 anos de idade, da cidade de Silwad, a leste de Ramallah. Osaid foi detido em 30 de outubro de 2023 e sofre de dores de dente e estômago, sem cuidados médicos, desde então.
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Muhammad Abu Sakout, 26 anos, preso em 8 de setembro de 2023, sofre de hemorroida, mas teme ir à clínica da penitenciária de Ramleh por conta de torturas.
As violações israelenses contra prisioneiros políticos se somam à punição coletiva posta aos palestinos de Gaza, onde 44 mil pessoas morreram e 105 mil foram feridas desde 7 de outubro de 2023.
A ofensiva em Gaza ocorre paralelamente a pogroms e prisões em massa na Cisjordânia e Jerusalém ocupadas, com mais de 790 mortos, 6.250 feridos e 11 mil palestinos detidos arbitrariamente — em uma campanha que dobrou a população carcerária das cadeias da ocupação.
A maioria dos palestinos detidos — sob tortura e mesmo violência sexual — continua em custódia sem julgamento ou sequer acusação; isto é, reféns, por definição.
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