Novo chanceler de Israel recorre a Washington para castigar Haia

O ministro de Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, empossado recentemente, disse nesta quinta-feira (28) crer que os Estados Unidos punirão o Tribunal Penal Internacional (TPI) pelos mandados de prisão deferidos contra o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant.

As informações são da agência de notícias Reuters.

Israel prometeu recorrer à decisão de Haia, emitida na última quinta-feira (21), segundo a qual, sob a lei internacional, os 124 países signatários do Estatuto de Roma — documento fundador da corte — devem prender os acusados caso pisem em seu território.

Gallant e Netanyahu foram, portanto, indiciados por crimes de guerra e lesa-humanidade conduzidos na Faixa de Gaza sitiada, incluindo fome como método de guerra, em ocasião inédita a um país alinhado ao bloco ocidental.

Diante dos mandados, Estados Unidos — não-membro da corte — e Alemanha indicaram desacato às medidas, para além de vacilação por parte de França e Reino Unido.

Saar, durante visita à República Tcheca, insistiu que diversos Estados se opõem à decisão, mas reiterou “crer que, em Washington, haverá novas leis, bastante em breve, contra o TPI e quem quer que colabore com ele”.

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As declarações foram proferidas em coletiva de imprensa junto de seu homólogo tcheco, Jan Lipavsky.

Saar alegou que Israel “concluirá a guerra em Gaza”, em curso há mais de 13 meses, após “conquistar seus objetivos” de reaver os prisioneiros de guerra em custódia do Hamas e garantir que o grupo não tenha mais controle sobre o território.

Saar pareceu desmentir seu colega de ministério, Bezalel Smotrich (Finanças), ao afirmar que Israel não pretende deter controle civil de Gaza e prometer, em palco europeu, que a paz é “inevitável”, contudo, sem base em supostas “ilusões”.

Em Gaza, as ações de Israel deixaram ao menos 44 mil mortos e 105 mil feridos até então, além de dois milhões de desabrigados sob cerco militar absoluto — sem comida, água ou sequer medicamentos. Entre as fatalidades, mais de 17 mil são crianças.

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