Ativistas nos Estados Unidos convocaram um boicote nacional aos eventos deste ano da Black Friday, como protesto contra o contínuo apoio do governo americano, em recursos, armas e diplomacias, a Israel, no contexto do genocídio em Gaza.
Segundo a agência de notícias Wafa, a campanha busca pressionar o governo democrata de Joe Biden, em fim de mandato, a dar fim a sua cumplicidade com os crimes cometidos por Tel Aviv nos territórios palestinos ocupados.
Ao evitar compras em uma das datas mais movimentadas do varejo, ativistas pretendem afetar os lucros de grandes corporações com influência no Capitólio e na Casa Branca, ao pressioná-las a agir por cessar-fogo e embargo militar, além de ajuda humanitária urgente aos palestinos de Gaza, sobretudo na região norte.
A menos de dois meses de deixar o governo, Biden está pressionando por um novo pacote de US$680 milhões ao Estado colonial, pouco após entrar em vigor um frágil cessar-fogo, comediado por Washington, entre Israel e Hezbollah, no Líbano.
LEIA: Israel viola cessar-fogo, alega atacar alvos do Hezbollah no sul do Líbano
O pacote, de acordo com a rede Financial Times, deve incluir milhares de kits de munição de ataque direto conjunto (JDAM) — usado para converter bombas cegas em teleguiadas —, além de centenas de bombas de baixo calibre.
Biden deixa a presidência em janeiro, após sua vice, Kamala Harris, perder as eleições em 5 de novembro para ex-mandatário republicano Donald Trump.
Segundo analistas, o apoio “inabalável” de Biden a Tel Aviv, incluindo sucessivos vetos no Conselho de Segurança a resoluções por cessar-fogo e dezenas de bilhões de dólares em armas, alienou parte do eleitorado progressista, que preferiu abstenção.
A Black Friday deste ano coincide, em 29 de novembro, com Dia Mundial de Solidariedade com o Povo Palestino, data que integra o calendário das Nações Unidas.
LEIA: Ato pró-Palestina interrompe tradicional desfile de Ação de Graças em Nova York
As redes BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções), Progressive Internacional e No Tech For Apartheid reiteraram, neste contexto, boicote à corporação Amazon, sob o slogan Not a Dime for Genocide — em português, Nem um centavo para o genocídio.
Segundo as informações, a Amazon é uma das fornecedoras do Projeto Nimbus, contrato no valor de US$1.2 bilhão, que busca fornecer ao exército israelense um novo sistema de armazenamento em nuvem, incluindo dados de famílias palestinas.
Conforme convocação nas redes sociais: “A Amazon espera ganhar bilhões em barganhas da Black Friday, enquanto providencia apoio crítico ao genocídio de Israel em Gaza e sua ocupação ilegal na Cisjordânia”.
“Nesta Black Friday”, prosseguiram as organizações, “expressamos solidariedade ao povo palestino — e atingimos a Amazon onde dói mais”.
Os manifestantes, incluindo trabalhadores da Amazon, notam ainda práticas predatórias da empresa no campo empregatício, ambiental e de direitos humanos.
Os protestos se estendam também a Alemanha, Bangladesh, Índia, dentre outros países, conforme chamado amplo da federação sindical UNI Global Union.
Israel mantém ataques a Gaza há quase 14 meses, com ao menos 44 mil mortos, 105 mil feridos e dois milhões de desabrigados, sob cerco absoluto — sem comida, água e sequer medicamentos. Entre as fatalidades, cerca de 17 mil são crianças.
As ações de Israel seguem em desacato de medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, onde o Estado de apartheid é réu por genocídio desde janeiro, sob denúncia da África do Sul.
LEIA: Os mandados de prisão do TPI para Netanyahu e Gallant são uma vitória para os palestinos?