Concentrada na Ucrânia, Rússia não consegue ajudar Assad

Combatentes da oposição síria no centro de Aleppo, em 30 de novembro de 2024 [Kasim Rammah/Agência Anadolu]

A Rússia parece exponencialmente incapaz de ajudar o regime do presidente sírio Bashar al-Assad a reagir à recente ofensiva de forças rebeldes no Estado árabe, à medida que as tropas de Moscou continuam concentradas na Ucrânia, notaram fontes de segurança da Turquia em contato com a imprensa.

Nesta semana, opositores sírios lançaram uma ação surpresa contra postos do regime na cidade de Aleppo, avançando rapidamente e capturando partes da região central. Trata-se da primeira operação de larga escapa oposicionista em mais de quatro anos — período no qual os rebeldes se viram confinados ao norte.

Os avanços atraíram atenção da Rússia, aliada chave de Assad, que forneceu assistência militar ao regime damasceno para que retomasse grande parte de seu território, ao longo da última década.

Em vez de intervir de imediato, o exército russo parece ter transmitido a responsabilidade a Assad. Na sexta-feira (29), Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, chegou a alegar que seu governo espera das forças sírias que restaurem a ordem, apesar de caracterizar a ofensiva rebelde como uma “violação da soberania síria”.

Para analistas, a declaração de Peskov deixa ao regime que se defenda, à medida que as tropas russas permanecem ocupadas na Ucrânia, incluindo maior parte de sua infantaria e força aérea empregadas no leste europeu ou mesmo exauridas pelos quase três anos de invasão ao país vizinho.

Conforme a rede de notícias Middle East Eye, fontes de segurança turcas, em condição de anonimato, corroboraram a morosidade da Rússia em responder às novas condições que se impuseram na Síria.

Continua no país, no entanto, um pequeno contingente da aeronáutica russa, visto como insuficiente para contrapor as operações. Embora a Rússia tenha bombardeado alvos em Idlib e outras áreas oposicionistas a noroeste, os esforços parecem não ter dissuadido os rebeldes ou alterado efetivamente a dinâmica da guerra.

O Middle East Eye também citou Omer Ozkizilcik, analista sênior do think-tank americano Atlantic Council, que observou: “A Rússia não é espectador, porém, ao que parece, o que estamos vendo são seus limites postos à prova”.

Ozkizilcik ressaltou, como indício da ausência de Moscou em território sírio, imagens de satélite da base aérea russa Hmeimim na província de Latakia, com redução considerável de circulação de tropas e aeronaves, comparada a 2019.

Além disso, notou Ozkizilcik: “Fontes locais, que monitoram atividades aéreas, sugerem que Moscou vem usando, sobretudo, modelos antigos de jatos combatentes”.

A Síria permanece em guerra civil desde março de 2011, quando forças de Assad reagiram com particular brutalidade a protestos populares por democracia. Desde então, mais de 13 milhões de pessoas — metade da população — foram deslocadas, com ao menos seis milhões fugindo do país, segundo estimativas das Nações Unidas.

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