Marcha na Avenida Paulista e ações em todo o Brasil reivindicam rompimento das relações do Brasil com Israel em solidariedade ao povo palestino.

No último sábado, 30 de novembro, centenas de manifestantes se reuniram na Avenida Paulista, em São Paulo, em um ato unificado em defesa da Palestina e contra a violência de Israel em Gaza. A marcha, organizada pela Frente em Defesa do Povo Palestino e por movimentos sociais e ativistas de diversas partes do Brasil, exigiu o rompimento imediato das relações do Brasil com Israel e o fim do genocídio em Gaza. O ato fez parte das manifestações globais em razão do Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino, comemorado no dia 29 de novembro.

Durante o protesto, foi realizada uma ação simbólica da campanha “O Brasil abastece o genocídio” (@fecha.torneira), que visa alertar sobre a responsabilidade do Brasil no apoio direto à máquina de guerra israelense por meio das exportações de petróleo. Para ilustrar a denúncia, manifestantes levaram um tanque de papel até um posto de gasolina, onde realizaram um “abastecimento simbólico” de combustível, demonstrando como o petróleo brasileiro é utilizado para alimentar os tanques e aviões de guerra de Israel.

Segundo à organização Oil Change International, nos últimos nove meses, o Brasil foi responsável por cerca de 9% do petróleo cru exportados para Israel e por 19% das remessas de produtos derivados de petróleo para o Estado sionista, por meio de empresas como a Shell e a Total Energies. De acordo com levantamento feito pelo Palestine Institute for Public Diplomacy, Israel foi o nono maior destino do petróleo da Petrobras, com exportações no valor de US$1,1 bilhão. Esse petróleo é usado para abastecer os caças e tanques que bombardeiam Gaza e as escavadeiras que destroem casas na Cisjordânia, facilitando a expansão dos assentamentos ilegais.

A ação também chamou a atenção para o exemplo da Colômbia, que recentemente suspendeu a exportação de carvão para Israel, afetando 70% da rede elétrica do país, em um movimento de boicote aos abusos cometidos contra os palestinos. A campanha reivindica que o Brasil siga o mesmo caminho e suspenda imediatamente as licenças de exportação de petróleo para Israel, além de revogar todos os acordos de Defesa e Segurança que financiam diretamente a máquina de guerra israelense.

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A ação faz parte do movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), que já obteve uma vitória significativa este ano ao impedir a compra de 36 blindados da empresa israelense Elbit Systems, um dos maiores fabricantes de armas e sistemas militares de Israel. A compra, que chegaria a quase R$1 bilhão, foi vetada sob o argumento de que ela serviria para alimentar o conflito em Gaza e no Líbano.

Além da manifestação na Avenida Paulista, outras cidades do Brasil também realizaram atos em solidariedade ao povo palestino, destacando a crescente mobilização popular em apoio à causa palestina e denunciando as políticas de apoio de governos como o brasileiro ao regime israelense.

Em breve, o BDS Brasil lançará um abaixo-assinado com mais informações sobre a campanha “O Brasil abastece o genocídio”. A iniciativa faz parte do chamado do Comitê Nacional Palestino do Movimento BDS, maior coalização da sociedade civil palestina, lançado em 6 de novembro, durante a Semana Global de Ação por Sanções. O Comitê convoca a sociedade civil internacional a intensificar a pressão sobre os Estados e instituições internacionais para que cumpram sua obrigação legal de acabar com a cumplicidade de Israel, impondo sanções legais e específicas, como a suspensão do comércio de petróleo e armamentos, até que o Estado de Israel cesse suas violações dos direitos humanos do povo palestino.

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