Mazloum Abdi, líder das Forças Democráticas da Síria, destacou nesta sexta-feira (6) suas intenções de estabelecer um diálogo com o grupo islâmico Hay’at Tahrir Al-Sham (HTS) — aparente protagonista dos recentes avanços contra o regime de Bashar al-Assad.
Suas declarações coincidem com a aproximação de forças opositoras à província central de Homs, que serve como caminho à capital Damasco.
Para Abdi, os avanços impuseram uma “nova realidade política ao país”.
Ao conversar com repórteres na cidade de Hasakah, no nordeste da Síria, declarou o líder curdo: “Queremos desescalar tensões com o HTS e outras partes, incluindo a Turquia, no intuito de solucionar nossas divergências via diálogo”.
“Fomos surpreendidos pelo súbito colapso das forças do governo nas linhas de frente, ao passo que facções tomaram controle de grandes áreas e impuseram uma nova realidade política e militar ao país”, acrescentou.
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Abdi citou linhas indiretas de comunicação com o HTS e asseverou esforços de segurança às comunidades civis em Aleppo e outras áreas.
As Forças Democráticas da Síria — um dos principais grupos na guerra contra Assad, em particular no norte do país — é denominada “terrorista” pela Turquia, por sua ligação com os grupos curdos que operam na região.
Em 27 de novembro, após quatro anos de aparente estagnação, forças da oposição síria avançaram a Aleppo, em uma operação surpresa que desde então sugere a rápida queda do regime, do presidente Bashar al-Assad.
Em 30 de novembro, os rebeldes tomaram o centro de Aleppo, a segunda maior cidade do país, além de estabelecer seu controle sobre toda a província de Idlib, no norte.
Na quinta-feira (5), a oposição anunciou entrar em Hama, ao combater forças do regime e milícias aliadas ligadas ao Irã. Neste sábado (7), tomou Daraa e Sweida.
A guerra na Síria matou mais de 500 mil pessoas desde 2011, quando Assad reprimiu com violência protestos populares por democracia. Mais da metade da população deixou suas casas, muitas delas ao exterior, em uma crise de refugiados sem precedentes.
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