Israel lançou uma extensa campanha militar na Síria, conduzindo mais de 350 ataques aéreos e tomando território além das Colinas de Golã ilegalmente ocupadas, no que o Ministro da Defesa Israel Katz descreve como um esforço para criar uma “área defensiva estéril” ao longo da fronteira.
As forças de ocupação relataram que seus caças realizaram centenas de ataques em toda a Síria nas últimas 48 horas, visando o que eles alegam serem estoques de armas estratégicas em grandes cidades, incluindo Damasco, Homs, Tartus, Latakia e Palmira. A ofensiva incluiu ataques às bases navais da Síria, com Katz se gabando de destruir a modesta marinha síria “com grande sucesso”.
O exército israelense disse a jornalistas ontem que havia completado a parte principal de sua agressiva campanha militar contra a Síria desde a queda do regime de Bashar Al-Assad, visando as capacidades militares do estado sírio. O regime de ocupação alegou que havia destruído entre 70 e 80 por cento dessas capacidades.
A escalada militar marca a incursão mais significativa de Israel em território sírio desde a guerra árabe-israelense de 1973. De acordo com fontes diplomáticas, as forças israelenses moveram “homens e material” para a zona de amortecimento desmilitarizada desde 7 de dezembro, posicionando tropas e veículos blindados perto de sete postos militares sírios abandonados.
A expansão atraiu duras críticas internacionais. O Ministério das Relações Exteriores da Turquia condenou os ataques, afirmando que “Israel está novamente exibindo sua mentalidade de ocupante”. A ONU, por meio de seu porta-voz Stephane Dujarric, expressou firme oposição a qualquer violação da integridade territorial da Síria, enfatizando que, “Este é um ponto de virada para a Síria. Não deve ser usado por seus vizinhos para invadir o território da Síria.”
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O enviado da ONU para a Síria, Geir Pedersen, alertou que as ações de Israel podem minar as perspectivas de transição pacífica no estado já frágil. “Precisamos ver um fim aos ataques israelenses”, insistiu Pedersen. “É extremamente importante que não vejamos nenhuma ação de nenhum ator internacional que destrua a possibilidade de que essa transformação na Síria ocorra.”
Os críticos apontaram a aparente contradição na estratégia de Israel de proteger uma zona-tampão criando outra zona-tampão, principalmente porque a ocupação israelense das Colinas de Golã desde 1967 continua não reconhecida pela comunidade internacional. Apesar disso, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu declarou que, “As Colinas de Golã serão uma parte inseparável do estado de Israel para sempre.”
Os EUA enfatizaram seu apoio às operações militares israelenses, apesar da crescente oposição. Houve uma mudança significativa na opinião pública americana, com um número crescente de eleitores expressando preocupação sobre o poder dos EUA ser empregado principalmente para servir aos interesses israelenses em vez dos americanos. Esse sentimento de “América em Primeiro Lugar” ganhou força particular com aqueles que questionam por que os recursos diplomáticos, militares e financeiros dos EUA estão sendo amplamente comprometidos para apoiar as ambições regionais de Israel.
Esse debate se intensificou após a revelação do ex-general Wesley Clark em 2001 de que os EUA planejavam derrubar sete regimes na região para garantir a hegemonia israelense, incluindo a Síria. A admissão alimentou as críticas de que a política externa dos EUA no Oriente Médio priorizou os objetivos estratégicos de Israel em detrimento dos interesses nacionais dos EUA, levando a apelos por uma reavaliação fundamental do relacionamento EUA-Israel.
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