Forças israelenses avançaram ainda mais no sul da Síria, informou uma fonte das Nações Unidas, ao observar que as tropas ocupantes estão obstruindo o trabalho das equipes de paz da organização internacional, em particular, nas colinas de Golã.
Segundo o Centro de Informações da Palestina, soldados israelenses entraram na cidade de al-Hurriya, na província de Quneitra. A rede Al Jazeera citou residentes que reportaram ordens de evacuação das casas pelas forças coloniais, no intuito de anexar as chamadas “zonas neutras” perto da fronteira.
Residentes sírios da aldeia de Rasm al-Rawadi foram deslocados à força.
A rede Newsweek relatou nesta semana que a ONU enviou reforços à Síria após a invasão israelense a uma zona desmilitarizada sob acordo há quase 50 anos, em meio à queda do regime de Bashar al-Assad, depois de 13 anos de guerra civil.
Uma fonte diplomática da ONU confirmou que a Força de Observação e Desengajamento reforçou posições em Golã ocupada, mas enfrentou novas tropas israelenses na área que impediram o movimento e as operações das equipes de paz.
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Logo após a queda de Assad, no final de semana, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou a revogação unilateral do acordo de 1974 com a Síria, ao ordenar o envio de tropas à zona neutra de Golã.
Nos dias recentes, Israel lançou centenas de bombardeios contra a Síria, ao alegar atacar arsenais balísticos, químicos e de defesa aérea e naval. Um perito internacional rechaçou os ataques como “inteiramente ilegais” e infundados.
Para George Katrougalos, relator especial da ONU para promoção da democracia, os atos de Israel “recaem em um padrão recorrente de desrespeito à lei internacional”. E reiterou: “Tais ataques, sem provocação alguma, violam a soberania de um Estado independente”.
Analistas alertam que os avanços israelenses na Síria, conforme a janela de oportunidade pela queda do regime, denotam os planos expansionistas e coloniais de Israel, somados a ataques a Gaza, Cisjordânia e Líbano, para além de ameaças contra o Irã.
Em novembro, Israel firmou um acordo para cessar 14 meses de troca de disparos e dois meses de invasão por terra ao Líbano, contra o grupo Hezbollah. Desde então, no entanto, conduz violações aos termos do tratado.
Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde outubro de 2023, com ao menos 44 mil mortos e 105 mil feridos, além de dois milhões de desabrigados. Entre as fatalidades, cerca de 17 mil são crianças.
Para especialistas, somente um cessar-fogo em Gaza pode evitar uma deflagração militar em todo o Oriente Médio.
As ações de Israel seguem em desacato de resoluções do Conselho de Segurança, assim como ordens cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), radicado em Haia, onde o Estado colonial é réu por genocídio desde janeiro.
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