Cerca de 96% das crianças de Gaza acreditam que a morte é iminente e 49% expressaram “desejo de morrer”, sob o genocídio israelense que supera 14 meses, revelou um relatório do Centro de Treinamento Comunitário para Gestão de Crise (CTCCM), com apoio da War Child Aliança Global.
A pesquisa se baseou em entrevistas com mais de 500 crianças e responsáveis, realizada em junho deste ano, ao destacar o impacto psicológico devastador da campanha militar de Israel no território sitiado sobre a população mais jovem.
Segundo o estudo, até 92% das crianças têm dificuldades em aceitar a realidade, sujeitas a sentimentos como pânico, desespero e abandono.
Em torno de 88% das famílias, notou o relatório, foram deslocadas diversas vezes; 21% do total obrigadas a se deslocar seis vezes ou mais. Famílias com crianças com deficiência, feridas ou tornadas órfãs são particularmente afetadas, confirmou o estudo.
Em termos econômicos, a maioria das famílias de Gaza vive com apenas US$4.15 por dia, sob desemprego generalizado. Em um sentido mais alarmante, notou a pesquisa, mais de 24% das famílias são chefiadas hoje por menores de 16 anos.
Helen Pattinson, diretora executiva da War Child no Reino Unido, caracterizou Gaza como um dos “lugares mais horríveis do mundo para ser criança”, ao reivindicar ação imediata da comunidade internacional, a partir de um cessar-fogo.
“A comunidade internacional deve agir agora, antes que a catástrofe de saúde mental das crianças que vemos hoje se torne um trauma multigeracional, com consequências a toda a região por décadas e décadas”, alertou Pattinson.
“Um cessar-fogo é o primeiro passo, com urgência, para permitir que a War Child e outras agências consigam responder efetivamente aos intensos danos psicológicos vivenciados pelas crianças”, acrescentou.
O relatório observou ainda desafios logísticos em conduzir seu estudo em meio às ações hostis de Israel, ao ter de recorrer a amostras sobre famílias que cuidam de crianças com deficiência, feridas ou separadas de seu núcleo familiar original.
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O CTCCM e a War Child Aliança Global pediram prioridade internacional sobre a questão da saúde mental e da assistência humanitária às crianças de Gaza, a fim de abordar, com máxima urgência, as raízes do problema para evitar danos futuros ainda maiores.
Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde outubro de 2023, com ao menos 44 mil mortos e 105 mil feridos, além de dois milhões de desabrigados sob cerco absoluto — sem comida, água ou medicamentos. Estima-se 17 mil crianças entre as mortes.
As ações de Israel seguem em desacato de medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, onde o Estado colonial é réu por genocídio sob denúncia sul-africana deferida em janeiro.