A Rússia estabeleceu contato direto com o comitê político do grupo rebelde que assumiu o governo de transição na Síria, encabeçado pelo Hayat Tahrir al-Sham (HTS), informou a rede de notícias Interfax nesta quinta-feira (12), ao mencionar o vice-ministro de Relações Exteriores da Rússia, Mikhail Bogdanov.
Segundo a reportagem, corroborada pela agência Reuters, Bogdanov, ao falar à imprensa, disse que Moscou tem intenção de manter suas bases militares na Síria, sob o pretexto de “continuar a combater o terrorismo internacional”.
Bogdanov afirmou que os contatos com o grupo islâmico, que assumiu o protagonismo do avanço surpresa que incorreu na queda da ditadura de Bashar al-Assad, em apenas duas semanas, após 13 anos de guerra civil, “procedem construtivamente”.
O Kremlin, comentou o vice-chanceler, espera que a coalizão anti-assadista cumpra suas promessas de “guardar-se contra todos os excessos”, a fim de manter a ordem no país e a segurança de diplomatas e outros estrangeiros.
Bogdanov confirmou que Moscou espera manter suas duas bases na Síria — a base naval de Tartous e a base aérea de Khmeimim, próxima à cidade portuária de Latakia.
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“As bases ainda estão lá, onde estavam, no território sírio”, reiterou Bogdanov. “Nenhuma decisão oposta foi tomada até então. De fato, estão lá a pedido da Síria para combater os terroristas do Daesh [Estado Islâmico]. Procedemos sob a base de que todos concordam que a luta contra o terrorismo, ou o que restou do Daesh, não acabou”.
Assad, presidente desde 2000, após herdar o governo de seu pai, Hafez al-Assad, fugiu à Rússia no último fim de semana, ao antecipar a queda de Damasco para os rebeldes, que invadiram seus palácios e os calabouços de seu regime.
A Síria foi tomada por guerra civil desde 2011, após Assad ordenar repressão brutal contra protestos populares que reivindicavam democracia, em meio à Primavera Árabe.
A ditadura assadista, após anos de reveses territoriais, retomou grande parte do país em meados de 2017, sob assistência militar russa e de grupos ligados ao Irã, entre os quais, o movimento libanês Hezbollah.
Contudo, com a Rússia concentrada na Ucrânia e tensões entre Irã e Israel, incluindo com um Hezbollah enfraquecido, a oposição síria parece ter compreendido que uma janela de oportunidade estaria brevemente aberta.
Estima-se até 500 mil de mortos pela guerra na Síria, que deslocou metade da população, incluindo ao exterior, em uma crise de refugiados sem precedentes.
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