Dois soldados israelenses tiveram a entrada negada na Austrália após serem requeridos a preencher um documento sobre seu papel em crimes de guerra em potencial, somando-se a uma série de reveses internacionais contra as violações de Tel Aviv.
Segundo o jornal israelense Ynet News, dois irmãos israelenses — Omer e Ella Berger, de 24 e 22 anos de idade — solicitaram visto para viajar com parentes à Austrália há cerca de dois meses.
A imigração australiana rapidamente deferiu o pedido dos familiares. Omer e Ella, porém, tiveram de preencher um formulário de 13 páginas sobre suas funções militares em meio aos conflitos em curso, dado que ambos são alistados no exército de Israel.
O documento include perguntas sobre envolvimento pessoal em possível abuso físico ou psicológico, seu papel como guardas ou oficiais nos centros de prisão, ou se participaram de incidentes que equivalem a crimes de guerra ou genocídio.
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Os irmãos viajaram antes de receberem a resposta das autoridades, conforme passagem marcada, e tiveram entrada negada. Ella retornou a Israel enquanto Omer permaneceu na Tailândia à espera de novas atualizações.
O incidente coincide com chamados para que soldados israelenses, para além de oficiais de governo e comandantes, sejam responsabilizados por violações em Gaza e no Líbano — registradas, muitas vezes, pelos próprios soldados, que celebram invasões de casas e destruição de aldeias.
Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde outubro de 2023, além de avanços contra Líbano e mais recentemente Síria. No enclave palestino são mais de 45 mil mortos e 105 mil feridos, além de dois milhões de desabrigados sob cerco absoluto — sem água, comida ou sequer medicamentos.
Israel vive uma crise sem precedentes de diplomacia e relações públicas, incluindo corte de relações por parte de países como Colômbia e Turquia, além de apelos por sanções, boicote e embargo militar.
A Austrália — alinhada historicamente ao bloco ocidental, encabeçado por Washington — busca se distanciar de uma imagem de escrutínio frente a Israel. Segundo Camberra, não há “tratamento especial” a israelenses, com 11 mil vistos deferidos neste ano.
O governo insistiu que o formulário é praxe.
As ações de Israel seguem em desacato de medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, onde o Estado colonial é réu por genocídio sob denúncia sul-africana deferida em janeiro.
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