A Organização das Nações Unidas (ONU) ressaltou nesta terça-feira (17) que o exército de Israel mantém presença ilegal ao longo da zona neutra das colinas ocupadas de Golã, na Síria, ao notar bandeiras israelenses como demarcação de terras.
Conforme a ONU, missões de paz estacionadas na região passaram a retirar as bandeiras, reportou a agência de notícias Anadolu.
“Nossos colegas nas equipes da paz em Golã — a Força Observadora de Desengajamento das Nações Unidas (UNDOF) — continuam a exercer seu mandato ao observar e reportar, de seus postos, as condições na área de separação”, relatou o porta-voz do Secretariado-Geral, Stephane Dujarric, durante coletiva de imprensa.
Dujarric destacou que a presença israelense em áreas de operação da UNDOF “impactou severamente os capacetes azuis”, como são conhecidas as equipes das Nações Unidas, ao afetar sua “liberdade de movimento e sua capacidade de realizar atividades logísticas, operacionais e administrativas”.
“Nossas forças costumavam conduzir, em média, entre 55 e 60 tarefas diárias logísticas e operacionais”, detalhou Dujarric. “Hoje, estão restritas entre três e cinco movimentações logísticas essenciais por dia”.
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O oficial reiterou a importância de permitir que as forças de paz cumpram seus mandatos “sem obstrução e de maneira segura”.
A UNDOF confirmou a invasão do exército israelense à “área de separação” acordada por quase cinco décadas, ao enviar tropas a diversas localidades, como o Monte Hermon — maior pico da Síria — e a “colina do Tanque”, a leste da linha Bravo.
“A missão observou ainda movimentação do exército de Israel e obras em quatro áreas na região do Monte Hermon”, prosseguiu o alerta. “Bandeiras israelenses foram avistadas na área de separação; todas removidas após notificação de nossos oficiais”.
A missão repetiu apelos às partes para aderir ao acordo de desengajamento de 1974, sem citar, contudo, que as violações partem unilateralmente do lado israelense.
O tratado — firmado por Hafez al-Assad, pai de Bashar, presidente deposto no começo do mês — previa uma zona neutra desmilitarizada logo além de Golã, ocupada ilegalmente por Israel desde 1967.
O acordo é monitorado pela UNDOF, incumbida de manter o cessar-fogo entre Damasco e Tel Aviv, desde os confrontos de 1973 no Oriente Médio.
Israel intensificou os ataques aéreos à Síria desde 8 de dezembro, quando Bashar — após quase 25 anos no poder e 13 anos de guerra civil — fugiu à Rússia, em meio a um avanço relâmpago da oposição.
Os bombardeios israelenses, somados a invasão por terra, são violação da soberania síria e da lei internacional, alertam relatores da ONU. As ações coincidem com declarações de Tel Aviv pelo projeto de “Grande Israel”, via anexação ilegal de terras vizinhas.
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