O grupo Ansar Allah, conhecido como houthi, expressou nesta terça-feira (17) disposição para assinar um roteiro voltado a encerrar o conflito de uma década no Iêmen, mas negou qualquer condições vinculada a suas operações pró-Gaza no Mar Vermelho.
As informações são da agência de notícias Anadolu.
A declaração ocorreu durante reunião, em Sanaa, entre o ministro de Relações Exteriores do Iêmen, Jamal Amer; o representante do escritório da Organização das Nações Unidas, Mohamed el-Ghanem; e o assessor econômico Dirk Jan Omtzigt.
Amer reiterou que “Sanaa está absolutamente pronta a assinar um roteiro como porta de entrada a uma resolução política no Iêmen”; contudo, rejeitou a possibilidade de ceder a eventual pressão dos Estados Unidos para cessar seu apoio a Gaza.
“Qualquer tentativa de acoplar o mapa da paz às operações no Mar Vermelho é repudiada categoricamente”, ressaltou o chanceler. Para ele, pressão neste sentido teria “resultados contraprodutivos”.
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Desde novembro de 2023, o grupo houthi mantém um embargo de facto a navios ligados a Israel e aliados no Mar Vermelho, como solidariedade efetiva aos palestinos, no contexto do genocídio israelense em Gaza, com 45 mil mortos e 106 mil feridos.
As ações houthis tiveram impacto na economia israelense e mesmo na navegação global, ao levar corporações a prescindir do Canal de Suez em favor da rota muito mais extensa e onerosa do Cabo da Boa Esperança, contornando a África.
Em retaliação, a favor de Israel, forças dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha atacaram o Iêmen — considerado o país mais pobre do Oriente Médio.
Durante o encontro, Amer citou os desafios econômicos do Iêmen e pediu sua atenção no mecanismo acordado em Estocolmo em 2018, incluindo melhora nas condições e meios para assegurar a continuamente das remunerações nos serviços públicos.
Hans Grundberg, enviado especial das Nações Unidas no Iêmen, enfatizou recentemente a necessidade de que todas as partes relevantes ajam para implementar a rota acordada no último ano, após avanços se estagnarem.
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A proposta, divulgada por Grundberg em dezembro de 2023, abrange cessar-fogo amplo e medidas para melhorar as condições de vida da população iemenita.
O Iêmen — apesar das crises regionais e ingerência estrangeira — vive relativa calma nos últimos dois anos e meio, após uma década de guerra civil, considerada um conflito por procuração entre Irã e Arábia Saudita — desescalada sob mediação da China.