Israel planeja ofensiva contra o Iêmen, diz rádio militar

O exército de Israel planeja um ataque contra o Iêmen, como resposta a recentes ataques de drones e mísseis conduzidos pelo grupo houthi, que governa o país árabe, reportou na segunda-feira (16) a rádio militar israelense Kan.

O movimento Ansar Allah, conhecido como houthi, reivindicou no começo da semana um novo ataque a um alvo militar próximo de Tel Aviv, com um míssil balístico hipersônico. De acordo com Yahya Saree, porta-voz do grupo iemenita, a operação foi um sucesso.

A imprensa israelense insistiu que seus sistemas de defesa interceptaram o míssil, antes que entrassem em seu espaço aéreo. Falhas nos sistemas antimísseis de Israel — como o Domo de Ferro — tornaram-se regulares, contudo, ao longo do ano.

Os houthis mantêm ataques contra Israel desde a deflagração do genocídio em Gaza, em outubro de 2023, como solidariedade efetiva ao povo palestino.

O grupo iemenita conduz, neste mesmo sentido, um embargo no Mar Vermelho, que levou corporações navais a rejeitar o Canal de Suez em favor da rota mais extensa e onerosa do Cabo da Boa Esperança, com impacto real na economia israelense.

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Em retaliação, Estados Unidos e Grã-Bretanha — aliados de Israel — realizaram uma série de ataques aéreos a Sanaa e outras localidades do Iêmen, considerado o país mais pobre do Oriente Médio, após anos de guerra civil.

As operações da coalizão ocidental, no entanto, não dissuadiram o grupo houthi.

Segundo a rádio Kan, o exército israelense reconheceu a escalada houthi, ao afirmar, sem provas, “ser orquestrada pelo Irã”.

“Estão tentando impor danos consideráveis aos recursos israelenses, como os portos de Ashdod e Haifa, as usinas da Corporação de Eletricidade de Israel, e redes de gás natural ao longo da gosta”, insistiu a emissora militar.

“As Forças de Defesa de Israel [FDI; sic], assim como a Força Aérea, alegam ser essencial agir contra a ameaça do Iêmen [sic], o que requer reposicionar a inteligência e preparar os canais operacionais para este propósito”, acrescentou a reportagem.

A rádio colonial argumentou ainda que os ataques houthis representam uma tentativa do grupo de “tomar a dianteira no que restou do eixo do mal [sic] na região”.

Operações houthis contra o genocídio em Gaza começaram em 19 de outubro de 2023 —doze dias após Israel lançar sua campanha contra o enclave. Um mês depois, os houthis apreenderam o cargueiro Galaxy Leader, de propriedade israelense.

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Em Gaza, as ações israelenses deixaram ao menos 45 mil mortos e 106 mil feridos, além de dois milhões de desabrigados, sob cerco absoluto — sem comida, água, combustível ou sequer medicamentos.

Caso se implemente a ofensiva israelense contra o Iêmen, será o quarto país invadido em pouco mais de um ano, após a Palestina — Gaza e Cisjordânia —, Líbano e Síria, na última semana, para além de ameaças e ataques aéreos a Iraque e Irã.

As ações de Israel seguem em desacato de medidas cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, onde o Estado ocupante é réu por genocídio desde janeiro, além de resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

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