O número de pessoas que sofrem insegurança alimentar moderada ou grave em países do chamado mundo árabe chegou a 186.5 milhões de vítimas em 2023, segundo estimativas da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
Os índices de fome na região aumentaram consideravelmente no último ano, com casos de desnutrição chegando a até 14% da população — ou 66.1 milhão de pessoas —, com recordes de 31.1% nos países mais pobres.
Os números foram divulgados em conferência no Cairo, nesta quarta-feira (19), intitulada “Visão Geral da Segurança Alimentar e Nutricional no Oriente Próximo e Norte da África — Financiamento e Transformação dos Sistemas Agrários”.
Especialistas da FAO reiteraram uma lacuna crescente nas taxas de desnutrição de áreas tomadas por conflito, com taxas de 26.5%, em relação a países mais estáveis, com 6.6%, em média — ou quatro vezes menos.
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Somália, Iêmen, Síria e Comeres registraram os níveis mais elevados, conforme os dados disponíveis, confirmou a FAO.
A fome afeta também a Faixa de Gaza, sob sítio e bombardeios de Israel, com dezenas de vítimas fatais entre as crianças palestinas ao longo do último ano, em violação de ordens cautelares do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ).
Não há, no entanto, dados precisos da FAO, devido ao impedimento de entrada de peritos de campo.
Dos 186.5 milhões de árabes na região afetados por insegurança alimentar, ou 39.4% da população, cerca de 44.1 milhões estão em áreas de conflito.