Ahmad al-Sharaa, conhecido como Abu Mohammad Al-Jolani, líder do grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS) e novo governante de facto da Síria, apontou para a possibilidade de deferir cidadania síria a estrangeiros que combateram o regime deposto de Bashar al-Assad.
Durante coletiva de imprensa em Damasco, conduzida nesta terça-feira (17) — incluindo múltiplas redes ocidentais —, Jolani alegou que o número de estrangeiros em suas fileiras foi exagerado, mas reconheceu que não há registro disponível.
Neste sentido, o líder islâmico sugeriu, no entanto, conceder cidadania aos combatentes, ao comparar a medida com práticas globais segundo as quais residência de quatro a sete anos costumam qualificar o passaporte.
Para Jolani, tais combatentes compartilham valores com o povo sírio e podem facilmente ser integrados à sociedade.
Sobre os avanços ilegais de Israel sobre o território sírio, Jolani insistiu não querer conflito com a ocupação, ao notar que forças iranianas e do Hezbollah deixaram o país e destacar que não há razões, portanto, para as ações militares por parte de Tel Aviv.
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Apesar de invasão por terra e bombardeios, Jolani afirmou que a Síria “não servirá mais de base para ataques a Israel ou qualquer outro país”.
Neste sentido, instou a Organização das Nações Unidas (ONU), Estados e instituições a pressionar Israel para seguir a lei internacional.
Segundo o líder sírio, o novo governo tem de se concentrar, agora, na unificação nacional, fortalecimento do Estado e reconstrução de infraestrutura.
Uma dia após Assad fugir do país, rumo a Rússia, o governo interino da Síria requereu do Conselho de Segurança que agisse contra os ataques israelenses, incluindo a retirada das tropas das áreas ocupadas.
Em duas cartas idênticas, ao Conselho e ao secretário-geral, António Guterres, Qusay al-Dahhak, enviado sírio na ONU, reiterou agir “sob instruções de seu governo” para repassar as demandas.
O colapso de Assad arrematou a guerra civil na Síria, deflagrada pela repressão brutal do regime a protestos populares por democracia, no início de 2011.
As ações de Israel coincidem com o genocídio em Gaza sitiada e violações do cessar-fogo no Líbano, além de bombardeios recentes contra o Iêmen. Os avanços coloniais seguem sua prerrogativa declaração de “Grande Israel”, via anexação ilegal de terras.
Estima-se até 500 mil de mortos pela guerra na Síria, que deslocou metade da população, sobretudo ao exterior, em uma crise de refugiados sem precedentes.
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