A taxa de pobreza de Israel continua entre as mais altas das nações desenvolvidas, perdendo apenas para a Costa Rica, de acordo com um novo relatório do National Insurance Institute. As descobertas revelam que os cidadãos palestinos enfrentam as maiores taxas de pobreza, 38,4%, significativamente acima da média nacional.
Cerca de dois milhões de israelenses, representando um quinto da população, vivem abaixo da linha da pobreza. Sem os programas de assistência do governo, a taxa de pobreza teria chegado a 31,1%, em vez dos atuais 20,7% da população. Houve um aumento de 15,2% nos pagamentos do governo no ano passado.
Os jovens com menos de 29 anos foram particularmente afetados, com 47,2% vivendo abaixo da linha da pobreza. A situação é especialmente terrível para famílias com crianças, pois 872.000 crianças – 27,9% de todas as crianças em Israel – vivem na pobreza.
O relatório surge em meio a desafios econômicos mais amplos, com o crescimento do PIB de Israel despencando de 6,5% em 2022 para apenas 2% em 2023. O aumento dos preços afetou desproporcionalmente as populações vulneráveis, com 9,7% das famílias renunciando ao tratamento médico devido a restrições financeiras.
Geograficamente, as maiores concentrações de pobreza são encontradas na Jerusalém ocupada, onde 36,2% das famílias são classificadas como pobres, seguidas pelas regiões norte e sul do país, com taxas de pobreza de 22,5% e 22,6%, respectivamente.
Apesar de a intervenção do governo ter reduzido a pobreza individual em 33,5% e a pobreza familiar em 41,2%, os esforços de Israel para reduzir a pobreza ainda ficam atrás de outros países da OCDE, destacando a natureza persistente da desigualdade econômica no país.
Para os cidadãos palestinos de Israel, essa notícia será recebida como mais um exemplo da discriminação que eles enfrentam desde o estabelecimento do Estado do apartheid. As barreiras sistemáticas enfrentadas por eles no mercado de trabalho de Israel criaram disparidades econômicas persistentes. Os cidadãos palestinos enfrentam desafios para ter acesso a oportunidades de emprego, com estudos que demonstram discriminação nas práticas de contratação, sobretudo quando os pedidos de emprego contêm nomes árabes.
A OCDE documentou que os cidadãos palestinos têm taxas de participação na força de trabalho mais baixas em comparação com os cidadãos judeus, principalmente entre as mulheres. O acesso limitado a zonas industriais, centros de tecnologia e centros de negócios – que estão localizados predominantemente em áreas judaicas – restringe ainda mais as oportunidades econômicas. Além disso, os cidadãos palestinos geralmente enfrentam obstáculos para obter as autorizações de segurança necessárias para determinados cargos nos setores de tecnologia e defesa, que são os principais empregadores da economia de Israel.
As taxas de pobreza entre os cidadãos palestinos continuam desproporcionalmente altas devido a várias formas de exclusão econômica.
De acordo com o Instituto Nacional de Seguros de Israel, as famílias palestinas têm três vezes mais chances de viver na pobreza em comparação com as famílias judias.
Essa disparidade está ligada a vários fatores, incluindo salários médios mais baixos quando os palestinos conseguem emprego.
As comunidades palestinas recebem muito menos recursos estatais para o desenvolvimento econômico, sendo que as autoridades locais não judias têm acesso a cerca de metade dos recursos por residente em comparação com as autoridades locais judias. A falta de infraestrutura de transporte público nas cidades palestinas e as zonas industriais limitadas criam barreiras adicionais ao emprego. Esses fatores combinados levaram à pobreza geracional em muitas comunidades palestinas, com crianças que crescem em lares economicamente desfavorecidos enfrentando oportunidades reduzidas de mobilidade social.
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