Uma delegação do governo da Somália chegou à capital da Etiópia, Adis Abeba para supervisionar a implementação da “Declaração de Ancara”, um acordo firmado entre os dois países para resolver uma disputa que já dura quase um ano.
A Agência Nacional de Notícias da Somália – SONNA – informou que a delegação do governo federal foi chefiada pelo ministro de Estado das Relações Exteriores, Ali Balad. De acordo com a agência, a visita também tem como objetivo “aprimorar as relações baseadas no respeito mútuo e na cooperação frutífera entre a Somália e a Etiópia, como parte dos esforços para fortalecer as parcerias bilaterais em vários campos”.
A visita também tem o objetivo de “construir boas relações com os países vizinhos, com base no respeito total pela soberania, unidade e integridade territorial de cada nação”.
Em 11 de dezembro, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, anunciou um “acordo histórico” entre a Somália e a Etiópia durante uma coletiva de imprensa conjunta em Ancara com o presidente da Somália, Hassan Sheikh Mohamud, e o primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed.
De acordo com a Declaração de Ancara, os dois países concordaram em “trabalhar juntos para alcançar resultados mutuamente benéficos em questões relacionadas ao comércio por meio de acordos bilaterais, incluindo contratos, arrendamentos e instrumentos similares. Esses acordos permitirão que a Etiópia garanta o acesso seguro, confiável e sustentável de e para o Mar Vermelho, sob a soberania da Somália”.
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Para atingir esses objetivos, e com a facilitação da Turquia, “as partes decidiram iniciar negociações técnicas de boa-fé até o final de fevereiro de 2025, o mais tardar, com o objetivo de concluir essas negociações e assinar um acordo dentro de quatro meses”.
As relações entre os estados vizinhos se deterioraram depois que a Etiópia assinou um acordo em 1º de janeiro de 2023 com a região separatista da Somalilândia. Esse acordo concedeu a Adis Abeba acesso à costa da Somalilândia ao longo do Golfo de Áden para fins comerciais e militares.
A Somália rejeitou o acordo da Etiópia com a Somalilândia, chamando-o de “ilegal, uma ameaça às relações de boa vizinhança e uma violação de sua soberania”. A posição somali teve apoio árabe e egípcio. Enquanto isso, o governo etíope defendeu o acordo, afirmando que ele “não prejudica nenhuma parte ou país”.