Um tribunal na Argentina recebeu uma queixa legal contra Yuval Vagdani, soldado israelense denunciado por crimes de guerra cometidos em Gaza, confirmou nesta terça-feira (7) a Fundação Hind Rajab (HRF), segundo informações da agência Anadolu.
Vagdani fugiu do Brasil no domingo (5), com apoio da embaixada de Israel, após um Tribunal Federal, sob prerrogativa do Ministério Público, requerer investigações urgentes contra o soldado, ao acatar pedido da fundação, incluindo prisão preventiva.
A ação israelense configura obstrução da Justiça, conforme dolo em encobrir os crimes conduzidos em Gaza, segundo analistas.
A denúncia aponta para a participação do soldado nas demolições em massa de residências civis na Faixa de Gaza sitiada, durante campanha sistemática de destruição e extermínio da população palestina, desde outubro de 2023.
Evidências apresentadas incluem gravações em vídeos, dados de geolocalização e fotografias nas quais o suspeito planta explosivos em bairros civis.
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Em um dos vídeos, publicados nas redes sociais, diz Vagdani: “Que possamos continuar destruindo e esmagando este lugar imundo, sem parar, até os seus alicerces”.
Na rede social X (Twitter), a Fundação Hind Rajab — batizada em homenagem a uma menina palestina assassinada por Israel — explicou os avanços: “Após a fuga de Vagdani do Brasil, registramos um processo na Argentina por crimes de guerra. Reforçamos, assim, nosso compromisso em dar fim à impunidade e responsabilizar os perpetradores. A justiça prevalecerá — não importa onde se escondam”.
A fundação surgiu em Bruxelas como uma ong, em setembro último, para compilar informações de soldados israelenses de suas próprias redes sociais, onde compartilham declarações de dolo e mensagens racistas e desumanizantes.
A fundação registrou 28 processos em oito países contra soldados israelenses, até o momento, levando o regime colonial a auxiliar a fuga de ao menos cinco países estrangeiros, em potencial violação de termos diplomáticos e soberania.
O inquérito brasileiro — realizado agora in absentia — representa a primeira vez que um Estado signatário do Estatuto de Roma aplica diretamente disposições legais sem determinação direta do Tribunal Penal Internacional (TPI).
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Os esforços da fundação podem incorrer em novos mandados de prisão emitidos por Haia, para além da decisão de novembro contra o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant.
Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde outubro de 2023, com 45.800 mortos, 109 mil feridos e dois milhões de desabrigados sob sítio absoluto — sem comida, água ou medicamentos. Entre as fatalidades, cerca de 17.500 são crianças.
As ações israelenses são também investigadas como genocídio pelo Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, sob denúncia sul-africana deferida há um ano.