A organização Médicos por Direitos Humanos — Israel (PHRI) alertou que o exército israelense se recusa a autorizar a visita de um advogado ao dr. Hussam Abu Safiya, diretor do Hospital Kamal Adwan, na Faixa de Gaza sitiada.
“Apesar de nossos pedidos urgentes, o exército israelense insiste que ele está proibido de ver um advogado até 10 de janeiro”, reportou o PHRI nas redes sociais. “O exército continua ainda a reter informações sobre o lugar de detenção do dr. Abu Safiya, apesar de se retratar de suas alegações prévias de que ele não estaria em Israel”.
A organização destacou que equipes médicas são protegidas pela lei humanitária internacional:
“Há uma razão para isso — isto é, caso ataque um profissional de saúde, estará atacando toda uma sociedade; atacando civis que demandam cuidados, atacando pessoas com doenças crônicas e ferimentos urgentes”.
A ong reiterou que mais de 20 mil pessoas em Gaza exigem hoje evacuação para fins de saúde: “A razão para isso é que não há mais um sistema ativo de saúde em Gaza e centenas de profissionais não podem mais realizar cuidados”.
“Mais de mil profissionais de saúde foram mortos, 230 foram presos e 130 permanecem mantidos nas instalações carcerárias de Israel”, acrescentou. “Mais de 70 pessoas morreram nos centros de detenção. A título de comparação, nove pessoas morreram em 22 anos de operações em Guantánamo — aqui, são setenta em questão de meses”.
Abu Safiya foi preso pelo exército israelense no norte de Gaza em 28 de dezembro, um dia antes de soldados invadirem o Hospital Kamal Adwan, atearem fogo às instalações médicas e relegarem o local como fora de serviço. Mais de 350 pessoas foram abduzidas.
Abu Safiya foi fotografado na ocasião, em seu jaleco branco, com algemas, levado por soldados em meios às ruínas. Seu sequestro incorreu em repúdio internacional.
Ao longo do genocídio israelense em Gaza, Abu Safiya pagou um duro preço, ao perder seu filho, Ibrahim, durante uma invasão ao hospital, em 26 de outubro. Em 24 de novembro, o próprio Abu Safiya foi ferido por um bombardeio, ao mesmo local, mas se negou a partir para continuar cuidando de seus pacientes.
Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde outubro de 2023, com 46 mil mortos, incluindo 17.500 crianças, além de 109 mil feridos e dois milhões de desabrigados, sob cerco absoluto — sem comida, água ou sequer medicamentos.
As ações israelenses são investigadas como genocídio pelo Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, sob denúncia sul-africana deferida há um ano.