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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Ong árabe pede investigação de Haia por crimes da AP na Cisjordânia

Forças policiais da Autoridade Palestina reprimem núcleos de resistência no campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia ocupada, em 21 de dezembro de 2024 [Nasser Ishtayeh/SOPA Images/LightRocket via Getty Images]

A Organização Árabe para Direitos Humanos no Reino Unido (AOHR–UK) solicitou à promotoria do Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia, a abrir uma investigação sobre crimes cometidos por forças de segurança da Autoridade Palestina (AP) nos territórios ocupados, em colaboração com as violações de Israel.

A ong reiterou a Haia que a Palestina é um Estado-membro do Estatuto de Roma, documento fundador da corte, e que esta, portanto, tem jurisdição para investigar crimes conduzidos por suas forças de segurança, incluindo tortura, assassinatos e, mais recentemente, cerco armado ao campo de refugiados de Jenin.

A AOHR insistiu que os crimes são realizados ampla e sistematicamente, com severidade ainda maior devido à coordenação e apoio das forças da ocupação israelense, com objetivo de suprimir atos anticoloniais e oposição política às agendas da AP.

“As forças de segurança da Autoridade Palestina e as forças da ocupação israelense intercambiam papéis nos territórios ocupados”, advertiu o grupo. “À medida que tropas de Israel invadem cidades, aldeias e campos de refugiados, diariamente, executando assassinatos e prisões, forças da AP — agindo sob instruções e informações do regime da ocupação — conduzem assassinatos e prisões deveras similares”.

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A AOHR enfatizou que, desde os eventos de 7 de outubro de 2023, que incorreram no genocídio israelense em Gaza, forças da AP agem de acordo com diretivas do presidente Mahmoud Abbas para reprimir ativistas e manifestações de solidariedade.

Segundo a denúncia, atos de tortura se tornaram comuns nas prisões e centros de detenção sob gestão parcial da Autoridade Palestina.

“Tamanha repressão alcançou seu ápice com a invasão ao campo de refugiados de Jenin e a imposição de um cerco rigoroso que durou mais de 30 dias”, observou a ong, ao reiterar impedimentos ao livre movimento trabalhadores e estudantes e ao acesso a itens básicos, como comida, medicamentos e combustível.

“Na tentativa de assumir pleno controle do campo, as forças de segurança da AP converteram o Hospital Público de Jenin em uma base militar, agrediram profissionais de saúde, incendiaram casas e veículos dos habitantes locais e dispuseram franco-atiradores nos telhados, resultando na morte de oito civis e outros feridos”, acrescentou.

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Para a ong, a AP, junto de Israel, lançou ainda uma campanha coordenada de desinformação para desmoralizar a população palestina ao disseminar rumores e demonizar ativistas, ao ponto de culpar núcleos de resistência pelas mortes em Jenin.

“Para robustecer seu controle sobre a imprensa, ambos ordenaram ainda o fechamento dos escritórios da Al Jazeera em Jerusalém e Ramallah e suspenderam suas transmissões”, prosseguiu a denúncia.

A organização reafirmou que o povo palestino vive sob violenta ocupação militar que recorre a todos os meios possíveis para subjugá-lo e suprimir seus direitos. “Ainda assim, é direito dos palestinos — de fato, seu dever —, como de qualquer outro povo sob ocupação, resistir e lutar para reivindicar seus direitos legítimos”.

“Está claro que os crimes cometidos pelas forças de Israel e da AP não se distinguem uns dos outros”, concluiu a organização, “ao constituírem, juntos, uma campanha coordenada e de larga escala que comporta crimes de guerra e lesa-humanidade, como definidos pelo Estatuto de Roma”.

Nas semanas recentes, diante de discussões sobre a gestão em Gaza após uma eventual retirada de Israel, a polícia da Autoridade Palestina se engajou em uma campanha repressiva frente a núcleos orgânicos de resistência, enfrentando protestos.

As ações da Autoridade coincidem com uma escalada colonial em Jerusalém e Cisjordânia, incluindo pogroms contra cidades e aldeias, e incursões militares, com mais de 830 mortos, 6.700 feridos e 11 mil presos arbitrariamente.

As ações de Israel em Gaza — com 46 mil mortos, 109 mil feridos e dois milhões de desabrigados — são investigadas como genocídio pelo Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, sob denúncia sul-africana deferida há um ano.

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Em julho de 2024, a corte reconheceu como ilegal a ocupação israelense na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, ao ordenar evacuação imediata de colonos e soldados e reparações aos nativos.

Em setembro, a determinação consultiva avançou a resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas, como voto favorável de maioria absoluta — mais de dois terços dos Estados-membros — e prazo de um ano para ser implementada.

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