O bispo Hanna Jallouf, vigário apostólico de Aleppo, disse que seu encontro com o líder da nova administração na Síria, Ahmed al-Shaara, foi “fraterno e cheio de afeição”, conforme entrevista do religioso concedida à agência de notícias Anadolu.
Jallouf disse sentir a renovação de uma “amizade profunda com raízes no passado”, ao enaltecer o novo líder sírio como “um homem sincero, honesto e confiável”.
Ao se lembrar de quando conheceu al-Sharaa, em Idlib, Jallouf comentou promessas de solucionar os problemas na Síria dentro de um ano.
Segundo Jallouf, al-Sharaa o telefonou antes de entrar em Aleppo, em novembro passado, para indagá-lo sobre as condições de sua comunidade e reiterar: “Fiquem tranquilos, estamos do seu lado; deixe todos seguirem suas vidas tão normalmente quanto possível — ninguém será ferido, nem direta nem indiretamente”.
“Que celebrem suas festas santas livre e naturalmente, como sempre fizeram”, acrescentou o bispo, em nome de al-Sharaa. “De fato, que as comemorações sejam melhores e maiores do que nunca”.
LEIA: Mais de 125 mil sírios retornam para a casa, estima ONU
Jallouf saudou o que descreveu como a “visão excepcional” de al-Sharaa para o futuro do país: “Ele quer que a Síria retome seu antigo nível civilizacional, para abrirmos as portas a avanços ainda maiores, enquanto preservamos, juntos, o mosaico nacional”.
Esperanças de futuro
Jallouf enfatizou a riqueza de recursos naturais e humanos da Síria, incluindo profissionais altamente instruídos, e expressou otimismo sobre a reconstrução do país em nome das gerações mais jovens.
Com o tempo, insistiu o bispo, os mais jovens trocarão abraços, para reaver à Síria seu protagonismo cultural, artístico e educacional de outrora.
Pessimismo ocidental
Jallouf manifestou decepção sobre uma obstinada perspectiva “pejorativa” de países ocidentais sobre a transformação em curso na Síria, após o fim das décadas de ditadura de Bashar al-Assad — que herdou o regime do pai, no ano 2000.
O bispo notou que esses países insistem em enviar mensagens dúbias à nova gestão, com impacto “significativo” na opinião pública ocidental.
“Nossa missão é levar a verdade aos países ocidentais”, apregoou Jallouf. “Creio que, com o tempo, essa percepção negativa em nossas relações com o Ocidente, incluindo os Estados Unidos, certamente mudará”.
Jallouf reiterou a importância de apoio internacional para permitir que os refugiados sírios, dispersos em todo o globo pelos 13 anos de guerra civil, deflagrada pela repressão de Assad a protestos populares, retornem em segurança a suas terras.
“Como sírios, sempre vivemos em liberdade, amamos a liberdade e queremos permanecer livres”, concluiu o vigário. “Jamais aceitaríamos sermos subordinados de quem quer que seja”.
LEIA: A Síria na encruzilhada e os ataques do inimigo