Em 2024, os palestinos se depararam com um cenário caracterizado pela persistência da violência e pela procura contínua por justiça. Os acontecimentos catastróficos de 2023, particularmente a ofensiva genocida de “israel”, marcaram uma virada para a Palestina e para o mundo. A violência sofrida pelos palestinos no ano passado, aliada à completa ausência de ação efetiva da comunidade internacional, reforçou a percepção de que a batalha pela libertação palestina encontra grandes desafios, mas também oferece novas chances para reestruturar a resistência e a direção da política internacional.
A situação de 2024 persiste como um resultado direto da falha do sistema internacional em salvaguardar os direitos dos palestinos e da ausência de medidas efetivas para frear os abusos de “israel”. A resistência palestina continua sendo negligenciada em grande parte do Ocidente, e os palestinos são muitas vezes desumanizados nas narrativas mundiais. A violência contra os palestinos, que já dura quase 8 décadas, não apresenta indícios de redução. No entanto, o ano de 2024 também está sendo um momento de reavaliação das estruturas globais de poder, com consequências tanto para os palestinos quanto para as dinâmicas geopolíticas globais. A batalha palestina não se limita a um conflito local, mas está interligada a mudanças globais mais abrangentes que estão ocorrendo.
A violência incessante contra os palestinos tem sido devastadora, contudo, proporciona novas visões sobre a resistência. Em 2024, a resistência palestina, em diversos aspectos, aparenta estar mais robusta e bem organizada. Apesar de ainda serem restritas em sua capacidade de provocar alterações significativas na política internacional, as manifestações de apoio ao povo palestino estão aumentando em quantidade e intensidade. Ações concretas para pressionar as potências internacionais a abandonarem o apoio incondicional ao Estado de “israel” têm sido exigidas por movimentos de solidariedade ao redor do mundo.
Contudo, o cenário de 2024 também mostra que, para várias nações ocidentais, a Palestina e os palestinos ainda são vistos como um problema secundário. As grandes potências, particularmente os Estados Unidos, persistem em apoiar “israel”, mesmo diante de provas evidentes de genocídio e violação dos direitos humanos. Esta defesa incondicional de “israel” espelha uma estrutura de poder contínua que favorece o colonialismo e a subjugação das populações do Sul Global, incluindo os palestinos. A contínua solidariedade das potências ocidentais a “israel” é um espelho do sistema de governança mundial, que historicamente tem sido dominado por essas potências para satisfazer seus interesses geopolíticos.
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Não se deve subestimar essa realidade de impunidade e suporte a “israel” por parte dos Estados Unidos e seus aliados. No ano de 2024, o sistema legal global persiste em não assegurar a justiça aos palestinos, perpetuando a desumanização das populações colonizadas e a infração de seus direitos. As ações de “israel”, que incluem o apartheid, os ataques desmedidos a civis e a negação do direito de autodeterminação dos palestinos, são frequentemente negligenciadas ou minimizadas pela comunidade global. Esta incapacidade de combater as ações de “israel” evidencia uma ampla brecha nas estruturas globais de poder, que se mostram progressivamente mais ineficazes em relação a questões de justiça e direitos humanos.
A situação mundial também está se alterando, e a Palestina está no epicentro dessas mudanças. O Sul Global, tradicionalmente marginalizado no cenário global, tem demonstrado sinais de fortalecimento e unidade política. As exigências de justiça e equidade, particularmente em tempos de crises globais, como as alterações climáticas e o aumento da desigualdade, estão colocando em xeque a ordem mundial consolidada. Como um dos temas principais deste movimento, a Palestina tem um papel crucial na reformulação das relações de poder a nível mundial. A batalha palestina persiste como um emblema de resistência ao imperialismo, ao colonialismo e ao racismo estrutural.
Em 2024, a intensificação das relações entre as nações do Sul Global representa uma chance relevante para os palestinos. A crescente empatia com a Palestina, seja no âmbito popular ou governamental, proporciona um terreno propício para a formação de alianças mais robustas e eficazes. Esses países, com um passado comum de opressão e exploração, têm se unido para questionar as políticas do ocidente e estabelecer um sistema internacional mais equitativo. Isso oferece aos palestinos uma chance única de consolidar suas posições no cenário mundial e de obter apoio eficaz para a sua causa.
Ademais, a batalha palestina está cada vez mais entrelaçada com as mudanças políticas no Oriente Médio. Apesar do respaldo retórico à causa palestina ainda ser uma tática frequente em diversos governos árabes, a ausência de medidas práticas para a libertação dos palestinos continua a ser uma grande decepção. Vários desses governos têm demonstrado autoritarismo, trabalhando em conjunto com potências ocidentais e sustentando regimes que perpetuam a opressão interna e a supressão das aspirações democráticas dos árabes. Em 2024, as tensões políticas na região, intensificadas pelo descontentamento popular com as ditaduras, têm gerado uma discussão cada vez mais intensa sobre a função da Palestina na política árabe.
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Contudo, a batalha palestina não se restringe à área árabe. A Palestina persiste como um tema crucial nos movimentos de descolonização e resistência no Sul do Mundo. Muitos movimentos sociais ao redor do mundo têm demonstrado solidariedade à Palestina, o que se traduz em um apoio cada vez maior de governos e movimentos populares que desafiam a supremacia das potências ocidentais. Este movimento mundial de solidariedade pode converter a Palestina em um marco para a reformulação do sistema global de governança, fomentando a justiça, a autodeterminação e a dignidade de todos os povos subjugados.
No que diz respeito ao futuro, as consequências de 2024 para 2025 são relevantes. Caso as tendências atuais persistam, o ano de 2025 pode representar um marco crucial para a Palestina. A consolidação de alianças internacionais e o aumento da mobilização popular por justiça e liberdade podem criar um ambiente mais propício para a Palestina, seja no âmbito diplomático ou nas manifestações de rua. Se persistirem em seu crescimento em escala e intensidade, as mobilizações globais podem levar as potências ocidentais a reavaliar seu suporte a Israel e a demandar responsabilização por suas ações. Contudo, isso também demandará um empenho constante para ultrapassar as divergências internas e estabelecer uma frente comum entre os palestinos e seus parceiros internacionais.
Também se discute a reformulação do direito internacional. A aplicação atual do direito internacional tem sido um instrumento para preservar o status quo, atendendo aos interesses das potências dominantes e justificando a opressão de comunidades como a palestina. Juntamente com outros movimentos do Sul Global, a Palestina possui a capacidade de questionar essas regras e procurar soluções que favoreçam a justiça, a igualdade e a autodeterminação. Esta batalha pela revisão do sistema legal internacional pode levar a progressos notáveis para os palestinos, principalmente se o suporte internacional persistir em aumentar.
Em última análise, a batalha pela libertação palestina está intrinsecamente conectada à busca por justiça e democracia no mundo árabe e no Sul Global. Não apenas a luta contra a ocupação é crucial para o futuro da Palestina, mas também a mudança das estruturas políticas regionais e mundiais que mantêm a opressão e a desigualdade. Apesar do ano de 2024 ser caracterizado pela persistência da violência e da opressão, ele proporciona uma chance única de repensar a resistência e a solidariedade global em prol de uma Palestina livre e independente. O percurso futuro será desafiador, porém as condições para um progresso considerável estão se estabelecendo, e o ano de 2025 pode ser o ponto de virada para essa mudança.
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