Famílias de prisioneiros em Gaza condenam ministro de Israel por negar acordo

Familiares de israelenses capturados por grupos palestinos montam acampamento em frente à residência do premiê Benjamin Netanyahu, em protesto por um acordo de troca de prisioneiros, em Jerusalém, 22 de janeiro de 2024 [Turgut Alp Boyraz/Agência Anadolu]

Familiares de israelenses mantidos em Gaza há 16 meses, com fotos e cartazes, invadiram nesta segunda-feira (13) uma sessão da comissão orçamentária no parlamento (Knesset) para manifestar sua indignação pela oposição de Bezalel Smotrich, ministro das Finanças, sobre um eventual acordo de cessar-fogo no enclave sitiado.

As informações são da agência de notícias Reuters.

Para Smotrich — colono supremacista radicado ilegalmente na Cisjordânia ocupada —, o acordo seria “uma catástrofe” para Israel, de modo que o exército colonial deveria manter sua campanha em Gaza até supostamente aniquilar o Hamas.

Alguns dos familiares, aos prantos, encabeçaram um sermão contra Smotrich, durante um embate que durou mais de uma hora. Manifestantes acusaram o ministro de “abandonar” os 98 reféns que ainda permanecem em Gaza.

“Eles podem voltar”, insistiu o colono Ofir Angrest, cujo irmão, Matan, foi levado na incursão palestina de 7 de outubro de 2023. “As condições são boas; é hora de fazermos um acordo. O próprio premiê [Benjamin Netanyahu] disse isso. Como o senhor, ministro das Finanças, pode se opor ao retorno daqueles sequestrados?”.

Smotrich, líder do partido fundamentalista Sionismo Religioso, é considerado membro crucial da coalizão de extrema-direita de Netanyahu e representa um dos mais eloquentes opositores daquilo que descreve como “rendição” ao Hamas.

O Catar, após mais de um tentativas de mediação junto de Estados Unidos e Egito, afirmou ter entregado um novo rascunho a Israel e Hamas, após um avanço repentino ao longo da noite. O acordo, embora envolto em incertezas, deve pressupor fim das hostilidades e troca de prisioneiros.

Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde outubro de 2023, com 46 mil mortos, 109 mil feridos e dois milhões de desabrigados sob sítio absoluto — sem comida, água ou medicamentos. Entre as fatalidades, cerca de 17.500 são crianças.

Estima-se ainda 11 mil palestinos detidos em campanha colonial na Cisjordânia, com outros milhares sequestrados em Gaza; contudo, sem dados precisos. A maioria continua em custódia sem julgamento ou acusação; reféns, por definição.

As ações israelenses são investigadas como genocídio pelo Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia, sob denúncia sul-africana deferida há um ano.

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