Fundadores da OLP condenam declaração do Fatah contrária à resistência

Cofundadores da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) condenaram a recente declaração do partido Fatah, hegemônico na Autoridade Palestina, contrária às ações de resistência nacional contra a ocupação israelense.

Segundo os veteranos, o Fatah é “o maior corrupto” em assinar “os acordos de rendição” de Oslo, em 1993, reportou a agência de notícias Quds Press.

Para Anis al-Qassem: “O vocabulário usado na declaração nos leva a questionar qual Fatah ela representa? É o Fatah da Autoridade? Ou o Fatah dos jovens comprometidos em resistir à ocupação israelense, por exemplo, em Jenin? Naturalmente, essa declaração não poderia ter sido emitida pelos jovens que estão resistindo à ocupação — portanto, não os representa”.

“Antes que o Fatah sequer fale do que incorreu a Gaza, é preciso que enfrente a justiça penal da Palestina, sobre seu crime perpetrado em Oslo, quando entregou as capacidades do povo palestino ao inimigo sionista e converteu a liderança nacional em um punhado de milícias”, acrescentou.

Para al-Qassem, sobre o cooperação de segurança entre Autoridade Palestina e Israel, motivo de protestos nacionais há décadas, a rendição de Oslo “reduziu jovens revolucionários do Fatah a carcereiros da ocupação”

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Rabhi Haloum, diplomata aposentado, observou que os palestinos comuns na Cisjordânia se surpreenderam com a declaração, “que podemos descrever apenas como alta traição, ao levantar acusações à resistência heroica que trava batalhas por sobrevivência e existência de nosso povo e nossa terra”.

“A Autoridade Palestina está enviando, neste instante, suas forças de segurança para liquidar a resistência em toda a Palestina”, denunciou Haloum. “Estes senhores não falam em nome do Fatah, ao aceitarem as armas das mãos israelenses. São eles que constituem, hoje, um braço protetivo para a ocupação criminosa contra as aspirações de liberdade de nosso povo”.

Para Haloum, o povo palestino, no entanto, responsabilizará aqueles que os atacarem de dentro de suas instituições.

A condenação se refere a uma declaração do Fatah contraposto aos esforços de unificação política nacional, diante de discussões sobre a gestão da Faixa de Gaza sitiada uma vez que Israel retire suas tropas do enclave.

O comunicado do Fatah buscou reagir a “declarações do Hamas sobre monopólio e divisão”, após o grupo de resistência advertir que esforços para compor um novo governo sem o devido consenso “aprofundaria as fissuras internas”.

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Nas semanas recentes, diante de novos rumores de um acordo em Gaza, às vésperas do fim do mandato do presidente Estados Unidos, Joe Biden, a polícia da Autoridade Palestina se engajou em uma campanha repressiva frente a núcleos orgânicos de resistência, enfrentando protestos.

As ações da Autoridade coincidem com uma escalada colonial em Jerusalém e Cisjordânia, incluindo pogroms contra cidades e aldeias, e incursões militares, com mais de 830 mortos, 6.700 feridos e 11 mil presos arbitrariamente.

Em Gaza, as ações de Israel deixaram ao menos 46 mil palestinos mortos e 109 mil feridos, além de dois milhões de desabrigados sob cerco militar absoluto — sem comida, água ou medicamentos. Entre as vítimas, cerca de 17.500 são crianças.

Israel é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.

Em julho, a mesma corte reconheceu como ilegal a ocupação israelense na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, ao ordenar evacuação imediata de colonos e soldados e reparações às comunidades nativas.

Em setembro, a determinação consultiva avançou a resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas, como voto favorável de maioria absoluta — mais de dois terços dos Estados-membros — e prazo de um ano para ser implementada.

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