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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

‘Cemitérios para os vivos’: Palestinos libertados expõem violações de Israel

Presos políticos palestinos chegam a Ramallah, na Cisjordânia ocupada, em comboio da Cruz Vermelha, como parte da segunda fase do acordo de troca de prisioneiros e cessar-fogo em Gaza, em 25 de janeiro de 2025 [Issam Rimawi/Agência Anadolu]

Mahmoud Samer Jabarin, palestino recém libertado sob acordo de cessar-fogo e troca de prisioneiros em Gaza, descreveu as cadeias de Israel como “cemitérios para os vivos”, ao relatar as experiências aterradoras de tortura, superlotação e tratamento desumano que enfrentou em seus sete anos em custódia.

As informações são da agência de notícias Anadolu.

Jabarin, residente do campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia ocupada, foi libertado no sábado (25) como parte do acordo mediado por Egito, Catar e Estados Unidos.

“Passei sete anos nas prisões israelenses”, reportou Jabarin. “O pior momento foi durante o genocídio israelense em Gaza. Sofremos tortura, espancamento, humilhações … Fomos isolados totalmente do mundo exterior. Tiraram tudo de nós e havia pouca comida”.

Não tinham piedade nenhuma — nem aos idosos, nem às crianças, nem aos doentes.

Jabarin deu detalhes dos abusos impostos, muitas vezes no meio da madrugada: “Tropas especiais de Israel invadiam nossas celas às 2 horas da manhã, para nos agredir, despejar água fria em nós e disparar gás lacrimogêneo — sem motivo nenhum. Eles nos agrediam e nos insultavam a seu bel-prazer”.

Gritavam insultos contra nós: Vocês não deveriam estar vivos. Deveríamos matá-los. Merecem ser esmagados.

Jabarin reiterou que cada cela mal tinha 12 metros quadrados, mas abrigava ao menos 12 prisioneiros sem sequer colchões.

Apesar das dores, expressou gratidão àqueles que colaboraram para sua soltura.

“Queria retornar para minha casa no campo de refugiados de Jenin, mas soube que Israel está conduzindo uma operação ali”, observou, ao aludir à campanha de limpeza étnica na Cisjordânia ocupada, que sucedeu o cessar-fogo. “Oro para que tudo fique bem”.

Israel mantém ataques a Jenin há uma semana, com ao menos 14 mortos e 50 feridos.

Presos políticos palestinos chegam a Ramallah, na Cisjordânia ocupada, em comboio da Cruz Vermelha, como parte da segunda fase do acordo de troca de prisioneiros e cessar-fogo em Gaza, em 25 de janeiro de 2025 [Issam Rimawi/Agência Anadolu]

Jabarin foi preso em 4 de fevereiro de 2019 e condenado, sob um tribunal militar colonial, a dez anos de prisão.

No sábado (25), o Hamas libertou quatro soldadas israelenses à Cruz Vermelha, para que fossem transferidas às autoridades de Israel, conforme o acordo. Durante uma cerimônia na Cidade de Gaza, as soldadas foram vistas fardadas e sorrindo.

Em troca, foram libertados 200 palestinos, incluindo 30 condenados a penas perpétuas e outros 20 com penas extensas.

Israel mantém hoje em custódia mais de 10.300 presos políticos palestinos, em boa parte sem julgamento ou sequer acusação — reféns por definição. Em contrapartida, o Hamas tem consigo cerca de 96 colonos e soldados israelenses.

A primeira fase do acordo escalonado, previsto para durar seis semanas, entrou em vigor em 19 de janeiro, ao suspender a guerra de extermínio israelense contra a população civil do enclave costeiro.

LEIA: ‘Após 20 anos, a resistência rompeu minhas correntes’, diz ex-prisioneiro palestino

O acordo mediado por Catar, Egito e Estados Unidos cessou os 470 dias de campanha de Israel em Gaza, que deixou ao menos 48 mil palestinos mortos, 111 mil feridos e cerca de dois milhões de desabrigados.

Em janeiro de 2024, o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), que julga Estados, com sede em Haia, acatou a denúncia sul-africana por genocídio e crimes de guerra, contra Tel Aviv, registrada em dezembro.

Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), que julga indivíduos emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade cometidos em Gaza.

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