Portuguese / English

Middle East Near You

Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Proibição de Israel será ‘desastrosa’, alerta chefe da UNRWA

Philippe Lazzarini, comissário-geral da Agência das Nações Unidas para a Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), em 30 de abril de 2024 [Fabrice Coffrini/AFP via Getty Images]

Philippe Lazzarini, comissário-geral da Agência das Nações Unidas para a Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), alertou nesta terça-feira (28) que a proibição sobre sua entidade por parte de Israel será “desastrosa”, dois dias antes da implementação da medida, reportou a agência Reuters.

Israel aprovou uma lei em outubro de 2024 para banir as operações da UNRWA — que atende a refugiados palestinos em toda a região — dos territórios palestinos ocupados em 1948, além de Jerusalém Oriental, anexada ilegalmente em 1967.

A medida deve entrar em vigor nesta quinta-feira, 30 de janeiro.

“A UNRWA deve cessar suas operações e evacuar todas as suas premissas na cidade de Jerusalém, incluindo propriedades localizadas em Maalot Dafna e Kafr Aqab”, reiterou o embaixador israelense Danny Danon às Nações Unidas.

“Israel rescindirá toda sua colaboração, comunicação e contato com a UNRWA ou qualquer indivíduo que aja em seu nome”, acrescentou.

Segundo a UNRWA, a medida afetará operações em Gaza e na Cisjordânia. A agência fornece serviços básicos, como saúde, educação e assistência humanitária, a milhões de refugiados na Palestina, Síria, Líbano e Jordânia.

LEIA: Quando se trata de genocídio e Palestina, o mundo está — deliberadamente — errando em suas prioridades

“Dentro de dois dias, nossas operações nos territórios palestinos ocupados serão minadas”, destacou Lazzarini ao Conselho de Segurança. “A implementação desta legislação do Knesset [parlamento israelense] será desastrosa”.

António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, chegou a descrever a UNRWA como “espinha dorsal” da resposta humanitária em Gaza, dizimada por 15 meses de genocídio israelense.

Durante o encontro do Conselho, Dorothy Shea, nova embaixadora dos Estados Unidos na ONU, sob o governo de Donald Trump, declarou seu apoio ao “direito soberano” de Israel de fechar as repartições da UNRWA em Jerusalém ocupada.

O antecessor, Joe Biden, apesar do apoio político e operacional a Israel, havia pedido pausa na implementação da lei.

Conforme Shea, no entanto, ao sugerir rotas coloniais de dependência de auxílio, “a UNRWA não é a única opção para fornecer assistência humanitária à Faixa de Gaza”.

Agências colaboradoras nos territórios ocupados incluem o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Programa Alimentar Mundial (PAM), Organização Mundial da Saúde (OMS) e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). A ONU, no entanto, adverte que não há substituto para a UNRWA.

Conforme a lei internacional, na ausência de mandatos ou acordos, a responsabilidade legal sobre os serviços da UNRWA caem a Israel, como potência ocupante no território palestino. Israel nega, no entanto, intenções de preencher a lacuna.

“Em 15 meses, entregamos dois terços de toda a assistência alimentar, providenciamos abrigo a um milhão de deslocados e vacinamos 250 mil crianças contra a pólio”, insistiu Lazzarini em seu alerta.

LEIA: UNRWA diz que a escala do sofrimento em Gaza abalou a fé nos Direitos Humanos

“Desde o início do cessar-fogo [em 19 de janeiro], a UNRWA foi responsável por mais de 60% dos alimentos que entraram em Gaza, ao chegar a de um milhão de pessoas”, acrescentou. “Realizamos 17 mil consultas médicas todos os dias”.

Israel insiste em pressionar pelo fechamento da UNRWA, única agência com mandato específico para tratar de demandas dos refugiados palestinos. Para a ocupação, sem a agência, a questão dos refugiados — e seu retorno — cai por terra.

Israel nega o direito de retorno — previsto na lei internacional — desde a Nakba, ou “catástrofe”, de 1948, quando 800 mil palestinos foram expulsos de suas terras para abrir caminho, mediante limpeza étnica, à criação do Estado de Israel.

Segundo Lazzarini, somado aos ataques do establishment legislativo de Israel, sua agência é alvo de uma “feroz campanha de desinformação [para] retratá-la como organização terrorista”.

Conforme o oficial humanitário, as medidas israelenses abrem precedente para ataques às operações e equipes das Nações Unidas.

LEIA: Mandados de prisão do TPI: Os palestinos prevaleceram na “guerra da legitimidade”

Categorias
IsraelNotíciaONUOrganizações InternacionaisOriente MédioPalestinaUNICEFUNRWA
Show Comments
Palestina: quatro mil anos de história
Show Comments