Líderes coloniais israelenses intensificaram apelos pela anexação ilegal da Cisjordânia ocupada, pela rescisão unilateral do acordo de troca de prisioneiros e cessar-fogo em Gaza e por uma nova escalada militar contra os palestinos.
Segundo o jornal Times of Israel, o Conselho de Yesha, que representa municipalidades dos assentamentos ilegais, tem reivindicado do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu que “derrote decisivamente o terrorismo árabe [sic]” e “imponha a soberania israelense sobre a Cisjordânia”.
Para Yossi Dagan, chefe do Conselho de Assentamentos na Cisjordânia, é urgente uma escalada militar na região, “da exata mesma forma com que a infraestrutura terrorista [sic] foi exterminada em Gaza”
Dagan instou o premiê israelense e seu ministro da Defesa, Israel Katz, a ordenarem a execução sumária de “cabeças terroristas”, ao desconsiderar a soltura de prisioneiros políticos e securitários na Cisjordânia.
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Nesta terça-feira (4), dois soldados ocupantes foram baleados e mortos por uma ação orgânica de resistência nativa, no checkpoint de Tayasir, no norte da Cisjordânia, onde Israel intensificou violações nas últimas duas semanas.
Conforme a Reuters, o cidadão responsável pelo ataque foi morto em cena. De acordo com investigações preliminares, o atirador se infiltrou em uma instalação militar perto do checkpoint e atirou nas tropas de uma posição de vigilância.
A imprensa palestina notou riscos de retaliação e punição coletiva após o incidente, com um drone militar israelense sobrevoando a aldeia de Tamum.
O acordo de troca de prisioneiros e cessar-fogo em Gaza continua em vigor desde 19 de janeiro, com três estágios de 42 dias cada, ao suspender os 470 dias de genocídio israelense no enclave, com 47 mil mortos e dois milhões de desabrigados.
Negociações para as próximas fases estão em curso, sob mediação de Egito e Catar.
Neste entremeio, no entanto, o exército israelense intensificou operações em Jenin e seu campo de refugiados, na Cisjordânia, além de outras cidades, levando à morte de 25 palestinos até a noite de domingo (2).
Na última semana, três pessoas foram mortas por Israel na cidade de Tulkarm.
Outras regiões alvejadas incluem o campo de Far’a e a cidade de Tamoun, na província de Tubas, no norte da Cisjordânia.
Junto ao genocídio em Gaza, colonos e soldados israelenses intensificaram ataques e pogroms na Cisjordânia e Jerusalém Oriental, com 905 mortos, sete mil feridos e até 14.300 palestinos detidos arbitrariamente — reféns, por definição.
Todos os colonos e assentamentos israelenses nos territórios ocupados são ilegais sob a lei internacional, como corroborado por uma decisão consultiva de julho de 2024 do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sediado em Haia.
Em setembro, a determinação de Haia avançou a resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas, com maioria absoluta dos votos, ao requerer evacuação imediata de colonos e soldados, com prazo de um ano para ser implementada.
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