O governo dos Estados Unidos de Donald Trump pediu aprovação do Congresso para transferir quase US$1 bilhão em bombas e itens militares a Israel, apesar de esforços internacionais para manter o frágil cessar-fogo em Gaza.
Segundo reportagem detalhada do The Wall Street Journal, a venda deve incluir 4.700 bombas de 450 kg, estimadas em mais de US$700 milhões, além de tratores blindados da empresa Caterpillar, somando US$300 milhões.
Vendas de armas ao exterior demandam apoio de ambas as casas do parlamento, após notificação do Departamento de Estado aos Comitês de Relações Exteriores do Senado e da Câmara dos Representantes.
O pedido coincide com uma visita do premiê de Israel, Benjamin Netanyahu — foragido em 120 países, sob mandado do Tribunal Penal Internacional (TPI), radicado em Haia —, à cidade de Washington, onde deve se reunir com o presidente republicano.
O apoio dos Estados Unidos a Israel, contudo, é transpartidário, com o país denunciado como cúmplice, via apoio político e militar, no genocídio em Gaza com ao menos 47 mil palestinos mortos e dois milhões de desabrigados.
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Segundo o Instituto Internacional de Pesquisa de Paz de Estocolmo, os Estados Unidos municiaram Israel com cerca de 69% de suas armas, entre 2019 e 2023.
Em dezembro de 2023, sob o governo democrata de Joe Biden, o suprimento de armas americanas ao Estado ocupante subiu, porém, a 78%, com mais de 10 mil toneladas de armas exportadas, no valor de US$2.4 bilhões.
Até agosto de 2024, o volume de armamentos, no entanto, chegou a 50 mil toneladas, transportadas via centenas de aviões e navios militares.
Dentre os produtos fornecidos por Washington, estão itens para o sistema antimísseis Domo de Ferro, mísseis de precisão, helicópteros de carga CH-53, helicópteros Apache Ah-64 e munição de 155 mm, incluindo antiblindados.
Desde 1946 — ainda antes da criação de Israel, via limpeza étnica — os Estados Unidos providenciaram mais de US$310 bilhões em ajuda econômica e militar à ocupação, ajustados à inflação, segundo o think tank americano Conselho de Relações Exteriores.
Um acordo de dez anos, no valor de US$38 bilhões, assinado em 2016, continua em vigor, conforme o qual o pedido de transferência de US$1 bilhão em armas deve ser retirado do envio anual de US$3.3 bilhões a Tel Aviv.
Pacotes emergenciais ao longo do genocídio, contudo, somaram bilhões à quantia, incluindo US$14.1 bilhões deferidos em fevereiro de 2024 e outros US$2.5 bilhões aprovados em março.
Organizações de direitos humanos, ex-oficiais do Departamento de Estado e mesmo congressistas democratas à esquerda insistiram a Biden que suspendesse o envio de armas a Israel, ao apontar violações de leis nacionais e internacionais — porém, sem qualquer anuência.
Entre as peças legislativas mencionadas está a Lei Leahy, que demanda do governo em Washington que retenha ajuda militar a agentes estrangeiros, em caso de suspeitas de violações de direitos humanos.
Em 2024, os Estados Unidos autorizaram mais de cem acordos de armas favoráveis a Tel Aviv, incluindo ao reabastecer seus arsenais à medida que a ofensiva em Gaza se espalhava a Líbano, Síria e Iêmen.
O Estado israelense é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024. Conforme os parâmetros da lei internacional, Estados cúmplices podem também ser indiciados.
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