Parlamentares republicanos dos Estados Unidos de ambas as câmaras — Congresso e Senado — introduziram um projeto de lei na terça-feira (4), para rebatizar o território estrangeiro da Cisjordânia ocupada como “Judeia e Samaria”, termo fundamentalista bíblico usado pelo regime supremacista de Israel.
A legislação foi apresentada logo após o presidente americano Donald Trump assinar um decreto executivo para rescindir sanções simbólicas de seu antecessor, Joe Biden, sobre colonos e líderes dos assentamentos ilegais israelenses.
Senadores encabeçados por Tom Cotton e Claudia Tenney reivindicam que todos os departamentos do Estado passem a se referir à região, habitada por três milhões de palestinos nativos, por sua nomenclatura colonial.
Para Cotton, do Arkansas, os Estados Unidos “devem parar de usar o termo Cisjordânia, carregado politicamente [sic]”, ao reforçar, portanto, “que os direitos históricos e legais do povo judeu [sic] sobre a Judeia e Samaria [sic] datam de milhares de anos”.
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Segundo os políticos de extrema-direita, com enfoque no eleitorado fundamentalista evangélico, o termo geográfico Cisjordânia seria “confuso”.
Conforme analistas, o intuito é reconhecer deste modo a anexação ilegal do regime colonial o território palestino, ao insistir que a “Judeia e Samaria” estaria situada no leste do território designado Israel.
A proposta contradiz a política declarada de Washington, que promete dois Estados com a Cisjordânia constituindo integralmente um Estado palestino.
Israel, contudo, tem expandido sua ocupação da área, ao aumentar o número de colonos supremacistas e instituir novas restrições aos palestinos, para coagi-los a deixar suas terras ancestrais.
Todos os assentamentos e colonos nos territórios ocupados são ilegais sob a lei internacional.
Em julho de 2024, em decisão histórica, o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, reconheceu a ilegalidade da ocupação na Cisjordânia e Jerusalém Oriental, ao instar evacuação imediata de colonos e soldados.
Em setembro, a medida evoluiu a resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas, por maioria absoluta dos votos, com prazo de um ano para ser implementada.
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