clear

Criando novas perspectivas desde 2019

Parlamentares dos EUA tentam rebatizar Cisjordânia com nomenclatura bíblica

7 de fevereiro de 2025, às 13h42

Senador republicano Tom Cotton em Washington, 21 de Janeiro de 2025 [Nathan Posner/Anadolu via Getty Images]

Parlamentares republicanos dos Estados Unidos de ambas as câmaras — Congresso e Senado — introduziram um projeto de lei na terça-feira (4), para rebatizar o território estrangeiro da Cisjordânia ocupada como “Judeia e Samaria”, termo fundamentalista bíblico usado pelo regime supremacista de Israel.

A legislação foi apresentada logo após o presidente americano Donald Trump assinar um decreto executivo para rescindir sanções simbólicas de seu antecessor, Joe Biden, sobre colonos e líderes dos assentamentos ilegais israelenses.

Senadores encabeçados por Tom Cotton e Claudia Tenney reivindicam que todos os departamentos do Estado passem a se referir à região, habitada por três milhões de palestinos nativos, por sua nomenclatura colonial.

Para Cotton, do Arkansas, os Estados Unidos “devem parar de usar o termo Cisjordânia, carregado politicamente [sic]”, ao reforçar, portanto, “que os direitos históricos e legais do povo judeu [sic] sobre a Judeia e Samaria [sic] datam de milhares de anos”.

LEIA: Trump, a Palestina não está à venda

Segundo os políticos de extrema-direita, com enfoque no eleitorado fundamentalista evangélico, o termo geográfico Cisjordânia seria “confuso”.

Conforme analistas, o intuito é reconhecer deste modo a anexação ilegal do regime colonial o território palestino, ao insistir que a “Judeia e Samaria” estaria situada no leste do território designado Israel.

A proposta contradiz a política declarada de Washington, que promete dois Estados com a Cisjordânia constituindo integralmente um Estado palestino.

Israel, contudo, tem expandido sua ocupação da área, ao aumentar o número de colonos supremacistas e instituir novas restrições aos palestinos, para coagi-los a deixar suas terras ancestrais.

Todos os assentamentos e colonos nos territórios ocupados são ilegais sob a lei internacional.

Em julho de 2024, em decisão histórica, o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, reconheceu a ilegalidade da ocupação na Cisjordânia e Jerusalém Oriental, ao instar evacuação imediata de colonos e soldados.

Em setembro, a medida evoluiu a resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas, por maioria absoluta dos votos, com prazo de um ano para ser implementada.

LEIA: Trump reforça ‘lei da selva em âmbito internacional’, alerta Hamas