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Plano de Trump para Gaza é ‘crime grave, fadado ao fracasso’, alerta Sharaa

11 de fevereiro de 2025, às 12h36

Novo presidente da Síria, Ahmed al-Sharaa, em Damasco, em 11 de janeiro de 2025 [Gabinete de Relações Exteriores da Síria/Divulgação/Agência Anadolu]

O novo presidente da Síria, Ahmed al-Sharaa, advertiu nesta segunda-feira (10) que os planos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para transferência forçada da população palestina de Gaza e expropriação do território representa um “crime grave, fadado ao fracasso”, reportou a agência de notícias Reuters.

Seus comentários foram feitos durante entrevista com Alastair Campbell, ex-porta-voz do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, e Rory Stewart, ex-ministro conservador, como convidado do podcast Rest is Politics.

Na semana passada, diante da visita do premiê israelense, Benjamin Netanyahu, Trump indicou intenções de expropriação imobiliária de Gaza, ao descrever o enclave costeiro como “Riviera do Oriente Médio”.

O presidente e oligarca insiste, desde então, na ideia de transferir compulsoriamente a população palestina de Gaza a Jordânia e Egito, apesar de rejeição de ambos os países, em particular, e da comunidade internacional.

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Trump chegou a admitir que os palestinos não poderiam retornar a Gaza após eventual reconstrução, conforme é seu direito legítimo sob a lei internacional e resoluções das Nações Unidas.

Para Sharaa, no entanto, “nenhum poder pode expulsar as pessoas de sua terra”.

“Muitos países tentaram, especialmente durante a recente guerra na Faixa de Gaza, no último um ano e meio”, observou. “Ainda assim, todos fracassaram”.

Sharaa — empossado presidente interino da Síria após a queda do regime de Bashar al-Assad — alertou que “não seria inteligente, tampouco moral ou politicamente correto” que Trump comandasse um esforço de limpeza étnica contra os palestinos.

“Nos 80 anos de conflito, todas as tentativas de deslocar os palestinos falharam”, disse Sharaa. “Aqueles que partiram se arrependeram. A lição da Palestina é que toda e cada geração aprendeu a importância de permanecer em sua terra”.

Especialistas alertam que o plano de Trump — após 15 meses de genocídio israelense em Gaza, com 48 mil mortos e dois milhões de desabrigados — soma-se ao catálogo de crimes de guerra e lesa-humanidade de Israel com apoio dos Estados Unidos.

Netanyahu é foragido em 120 países, conforme mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia. O Estado israelense é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sob denúncia sul-africana deferida há um ano.

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