O ano de 2024 bateu recorde de assassinatos de trabalhadores de imprensa, confirmou na quarta-feira (12) o Comitê de Proteção dos Jornalistas (CPJ), com Israel responsável por quase 70% das mortes, segundo informações da agência Reuters.
Ao menos 124 jornalistas foram mortos em 18 países, em 2024 — ano mais letal para a categoria desde o início dos registros há mais de três décadas.
O CPJ destacou que o genocídio israelense em Gaza matou ao menos 85 jornalistas, ao advertir que Israel, no entanto, busca encobrir investigações sobre incidentes, culpar as vítimas e negligenciar seu dever em proteger civis e responsabilizar suas mortes.
Fontes palestinas, no entanto, estimam até 205 jornalistas mortos em Gaza, entre 7 de outubro de 2023 e meados de janeiro de 2025, quando entrou em vigor o atual acordo de troca de prisioneiros e cessar-fogo em Gaza.
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O exército israelense, contactado pela Reuters, negou ter informações sobre as mortes e insistiu agir para mitigar danos à categoria. Apesar da alegação de que “nossas forças de defesa [sic] jamais atacariam e atacarão deliberadamente jornalistas”, evidências — incluindo imagens e relatórios periciais — provam o contrário.
O número de trabalhadores de imprensa mortos em 2024 decolou em relação aos anos anteriores: de 102 em 2023 e 69 em 2022, prosseguiu o CPJ. O recorde anterior era de 2007, com 113 jornalistas mortos, sobretudo no contexto da Guerra do Iraque.
Sudão e Paquistão empataram em segundo lugar no ranking, observou o CPJ — porém, consideravelmente atrás de Israel.
“Vivemos a época mais perigosa para ser jornalista em nossa história”, comentou Jodie Ginsberg, diretora executiva da ong. “A crise em Gaza não tem precedentes no que diz respeito a seu impacto aos jornalistas e demonstra uma grave deterioração nas normas globais de proteção da categoria nas zonas de conflito”.
O C`PJ reiterou ter notado “aumento alarmante nos casos de assassinatos deliberados”, com ao menos 24 profissionais mortos devido a seu trabalho em 2024, em países como Haiti, México, Myanmar, Sudão e outros. Dez destes casos, contudo, foram atribuídos a Israel, além de 20 outros casos sob investigação.
Ao menos seis profissionais de imprensa foram mortos em 2025 até então, em cerca de 40 dias, alertou o comitê.
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