Os planos de transferência à força da população de Gaza, para transformar o enclave em uma “Riviera do Oriente Médio”, enunciados pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ameaçam os “acordos de paz” assinados por Tel Aviv com Egito e Jordânia, alertou o proeminente analista israelense Zvi Harel.
Em artigo publicado no jornal Haaretz, Harel destacou que Trump ignora alertas sobre os desdobramentos das zonas de conflito na fronteira com o Egito, caso os habitantes de Gaza sejam ali reassentados.
O incumbente e oligarca americano desconsidera ainda, segundo Harel, o risco de instabilidade na Jordânia, incluindo possibilidade de queda do regime aliado, caso novas centenas de milhares de refugiados palestinos entrem no país.
Conforme o analista, Trump e Netanyahu negligenciam o impacto de suas ações aos chamados “acordos de paz” com Egito e Jordânia, de 1978 e 1994, respectivamente, que compuseram os alicerces dos “Acordos de Abraão”.
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Para Harel, embora o plano de Trump possa, sim, dar nova forma ao Oriente Médio, como alega Netanyahu, esta pode contrapor suas expectativas.
Segundo a análise, embora Trump insista que Egito e Jordânia aceitaram receber os dois milhões de habitantes de Gaza, ao ameaçar cortar a assistência americana aos regimes, estes se veem diante de uma encruzilhada: recursos ou insurreição.
A Jordânia recebe cerca de US$1.5 bilhões anualmente dos Estados Unidos; o Egito, US$1.3 bilhões.
Ambos os países têm as maiores fronteiras com Israel, governados por autocracias que enfrentaram protestos bastante incomuns em meio ao genocídio em Gaza.
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