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Egito e Jordânia reiteram urgência de reconstruir Gaza sem deslocar os palestinos

13 de fevereiro de 2025, às 11h50

Palestinos deslocados retornam a suas casas no norte de Gaza, na estrada de al-Rashid, em 12 de fevereiro de 2025 [Ashraf Amra/Agência Anadolu]

O presidente do Egito, Abdel Fattah el-Sisi, e o rei da Jordânia, Abdullah II, reafirmaram nesta quarta-feira (12) a demanda urgente de reconstruir a Faixa de Gaza sem deslocar sua população palestina nativa, reportou a agência Anadolu.

Ambos objetaram as propostas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de transferência compulsória da população de Gaza a seus territórios — isto é, crime de limpeza étnica —, para tornar o enclave uma “Riviera do Oriente Médio”.

Gaza continua destruída, com mais de 48 mil mortos e dois milhões de desabrigados após 470 dias de genocídio conduzido por Tel Aviv — como investigado pelo Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, desde janeiro de 2024.

Para Sisi e Abdullah — segundo transcrição de telefonema divulgado pela presidência egípcia — é crucial implementar o acordo de cessar-fogo em Gaza, em vigor desde 19 de janeiro, para seguir com a troca de prisioneiros e permitir acesso humanitário.

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A conversa sucedeu uma visita de Abdullah à Casa Branca, onde se reuniu com Trump, após semanas do mandatário americano insistir em seu plano a favor de Israel.

Os líderes, porém, prometeram trabalhar com as partes envolvidas — incluindo Trump — por uma “paz duradoura” no Oriente Médio, rumo à “solução de dois Estados”, com o estabelecimento de um Estado palestino nas fronteiras de 1967, com Jerusalém Oriental como sua capital.

Conforme artigo do jornal israelense Haaretz, de autoria do analista Zvi Harel, embora Trump insista que Egito e Jordânia aceitaram receber os dois milhões de habitantes de Gaza, ao ameaçar cortar a assistência americana aos regimes, estes se veem diante de uma encruzilhada: recursos ou insurreição.

Segundo Harel, Trump ameaça os “acordos de paz” com Egito e Jordânia e ignora alertas sobre os desdobramentos da zona de conflito na fronteira egípcia, caso os habitantes de Gaza sejam ali reassentados.

A Jordânia recebe cerca de US$1.5 bilhões anualmente dos Estados Unidos; o Egito, US$1.3 bilhões.

Ambos os países têm as maiores fronteiras com Israel, governados por autocracias que enfrentaram protestos incomuns em meio ao genocídio em Gaza.

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