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Argélia exige da França reconhecimento de crimes nucleares em seu território

14 de fevereiro de 2025, às 10h07

Ibrahim Boughali, presidente da Assembleia Nacional da Argélia, em Argel, 4 de outubro de 2022 [APP/NurPhoto via Getty Images]

Ibrahim Boughali, presidente da Assembleia Nacional da Argélia, reivindicou da França que reconheça oficialmente sua responsabilidade pelos “crimes nucleares” cometidos durante o período colonial no país norte-africano.

As informações são da agência de notícias Anadolu.

“Exigimos — em uníssono — reconhecimento oficial da França de sua responsabilidade plena sobre esses crimes nucleares”, reiterou Boughali durante evento em memória do primeiro teste atômico francês em solo argelino, em 13 de fevereiro de 1960.

A Argélia, no entanto, acrescentou Boughali, não pode aceitar “o mero reconhecimento político, mas sim reconhecimento seguido de claro compromisso moral”.

A França conduziu seu primeiro teste nuclear em 1960, apelidado de Jerboa Azul — em francês, Gerboise Bleue; em referência a um animal nativo —, no deserto de Reggane, no sul da Argélia. Testes atômicos franceses no país seguiram até 1966.

De acordo com Boughali, forças francesas realizaram ao menos 17 explosões nucleares na área, cujos efeitos devastadores perduram até hoje.

“Os testes nucleares representam mais um capítulo sinistro na história da colonização francesa, que continua a nos assombrar, com efeitos destrutivos e perigosíssimos que ainda afetam a humanidade e o meio-ambiente”, observou.

O deputado argelino reivindicou também indenização às vítimas dos testes atômicos e compromisso de Paris em limpar quaisquer resíduos nucleares.

Relações diplomáticas entre Argélia e França permanecem próximos, contudo, voláteis, sobretudo devido a questões em aberto oriundas dos 132 anos de colonização francesa no país, entre 1830 e 1962.