A Organização das Nações Unidas (ONU) confirmou nesta segunda-feira (17) buscar cerca de US$6 bilhões em doações internacionais para o Sudão no ano corrente, no objetivo de atenuar o que caracterizou como “uma das crises mais devastadoras de nosso tempo”, marcada por fome e deslocamento em massa.
As informações são da agência de notícias Reuters.
O apelo configura aumento de 40% em relação aos recursos requisitados para o Sudão em 2024, em um contexto em que crises globais sofrem com redução nos envios humanitários, sobretudo pelos cortes do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Segundo as Nações Unidas, os fundos são necessários devido ao impacto dos 22 meses de guerra civil, entre o exército regular sudanês e seus antigos aliados paramilitares das Forças de Suporte Rápido (FSR).
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De acordo com dados da ONU, o conflito deslocou um quinto da população do Sudão, ao impor uma crise de fome a cerca de metade do país.
“O Sudão vive uma emergência humanitária de proporções chocantes”, comentou Tom Fletcher, coordenador assistencial da ONU. “A fome está se espalhando. Uma epidemia de violência sexual corre solta. Crianças estão sendo mortas e feridas. Seu sofrimento é aterrador”.
Condições de fome foram registradas em ao menos cinco localidades, dentre os quais os campos a deslocados internos em Darfur, prosseguiu as Nações Unidas. A escalada na violência e o colapso de serviços básicos deve agravar a crise.
Um dos campos assolados pela fome, observou o comunicado, sofreu ataques das forças paramilitares na última semana, à medida que estas buscam robustecer sua posição em Darfur frente aos avanços do exército na capital.
Embora algumas agências tenham notado isenções de Washington para prover ajuda ao Sudão, um ar de incerteza permanece sobre a contiguidade das operações.
O plano das Nações Unidas busca alcançar quase 21 milhões de sudaneses, como a resposta mais ambiciosa em termos humanitários para o ano vigente, estimada em US$4.2 bilhões. O restante dos recursos devem ser encaminhados aos deslocados e refugiados do conflito.