O médico palestino Tarek Rabie Safi, libertado das cadeias da ocupação israelense sob o acordo de cessar-fogo e troca de prisioneiros entre Israel e Hamas, reportou ter sido subalimentado e sofrido abuso durante seu quase um ano em cativeiro.
As informações são da agência de notícias Reuters.
Safi, pai de dois filhos de 39 anos de idade, foi liberado junto de 368 outros palestinos detidos, no sábado (15), em troca da soltura de três prisioneiros de guerra israelenses mantidos em Gaza.
Prisioneiros palestinos denunciam há anos maus tratos, tortura e mesmo abuso sexual nas mãos de seus captores, violações agravadas como punição coletiva no contexto do genocídio em Gaza. Além das marcas e cicatrizes, ao retornarem a suas famílias, alguns ex-prisioneiros apresentam amputações.
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“Fiquei em custódia do exército israelense no chamado envelope de Gaza, em Sde Teiman, onde me mantiveram por quatro meses e torturavam nossos corpos e nos impunham a fome”, reiterou Safi. “Não havia comida decente, ou água, ou mesmo cuidados de saúde. Quebraram meu braço e não cuidaram, não me deixaram falar com médico nenhum”.
Safi foi sequestrado em março de 2024 perto de Khan Yunis no sul de Gaza.
Desde então, ao menos um colega de cela faleceu aos maus tratos: “Era um rapaz, Mussab Haniyeh — que Deus tenha piedade de sua alma. Era um rapaz forte, mas morreu na minha frente devido à fome, sede e tortura”.
Após quatro meses no centro de detenção, Safi foi transferido a uma série de penitenciárias israelenses, até ser libertado e regressar a Khan Yunis, onde se reencontrou com sua família.
A Associação de Prisioneiros Palestinos, que documenta os incidentes nas cadeias da ocupação, destacou que as autoridades israelenses conduzem “crimes sistemáticos e vendetas” contra os palestinos detidos — em particular, na penitenciária de Ofer, na Cisjordânia ocupada.
Abdullah al-Zaghari, diretor da organização, notou que suas equipes documentaram testemunhos chocantes, incluindo relatos de espancamentos e presos acorrentados por dias e semanas a fio sem água ou comida.
No último ano, a Anistia Internacional corroborou que 27 prisioneiros libertados descreveram em entrevista detalhes consistentes de torturas em ao menos uma ocasião durante sua prisão.