Dois soldados israelenses fugiram de Amsterdã de volta a Tel Aviv, após um grupo pró-Palestina rastreá-los nas redes sociais para solicitar que sejam investigados por crimes de guerra cometidos em Gaza, confirmou nesta terça-feira (19) a rádio Kan, de acordo com informações da agência Anadolu.
Ambos foram evacuados após a linha-direta conhecida como Israeli Genocide Tracker divulgar na segunda (18) seus retratos no Twitter (X) sob a denúncia: “Após participar do genocídio, este comandante de blindados do 52º Batalhão de Israel, envolvido no sequestro de centenas de civis — sobretudo em Jabalia —, e que não se acanhou em tirar selfies com as vítimas, pousou em Amsterdã para tirar férias”.
Segundo a televisão israelense, ambos tinham visto para entrar na Holanda.
LEIA: Ativistas lançam ‘linha direta’ para denunciar soldados de Israel na Nova Zelândia
O país, no entanto, é signatário do Estatuto de Roma, documento fundador do Tribunal Penal Internacional (TPI) que investiga crimes de guerra e lesa-humanidade conduzidos por oficiais e lideranças israelenses em Gaza.
A corte — em Haia, também na Holanda — deferiu em novembro mandados de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, pelas violações em Gaza, como um precedente a investigações de países signatários.
O exército israelense ordenou suspensão das férias e retorno de ambos os soldados, além de deleção de todas as imagens e vídeos postadas por eles em suas contas das redes sociais, enquanto a serviço na Faixa de Gaza.
Tel Aviv tem alertado soldados contra viagens ao exterior, sob receios de processos legais, sobretudo após a Fundação Hind Rajab conseguir mandados e inquéritos em países como Brasil.
Gaza permanece por ora sob acordo de cessar-fogo e troca de prisioneiros, desde 19 de janeiro, firmado entre Israel e Hamas, após 470 dias de genocídio que deixou ao menos 160 mil mortos e feridos e dois milhões de desabrigados.
Israel é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) — também em Haia, corte global que investiga Estados.
LEIA: ‘Cemitérios para os vivos’: Palestinos libertados expõem violações de Israel