Os cortes de recursos dos Estados Unidos ao Fundo para População das Nações Unidas (UNFPA) representam uma questão “crítica”, enfatizou Mariam A. Khan, representante da agência na Turquia, em conversa com a agência Anadolu.
Khan explicou o impacto da medida, promulgada pelo presidente Donald Trump, às atividades além da Turquia, incluindo Ucrânia e Gaza. Segundo seu alerta, a agência “tenta agora lidar com as implicações da suspensão em curso”.
“Tradicionalmente, o governo americano é um parceiro e apoiador de longa data do trabalho da UNFPA”, reiterou Khan. “Em âmbito global, são quase 50% dos recursos humanitários da agência”.
Em Gaza, após 15 meses de genocídio israelense, serviços da UNFPA que atendem a cerca de 50 mil mulheres grávidas estão paralisados, notou Khan.
Na Ucrânia, sob invasão russa há três anos, mais de 640 mil pessoas carentes, sobretudo mulheres e meninas, dependem dos serviços da agência, também suspensos no país europeu, acrescentou.
Somando milhões de necessitados em ambos os territórios, tomados por intervenções ilegais externas, Khan observou que a suspensão dos fundos é “extremamente crítica”.
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Khan agradeceu outros doadores e parceiros, mas instou expa nsão do portfólio, com novas instituições públicas e privadas, além de municípios e governos locais, a fim de suprir as demandas essenciais.
Síria e Turquia
Khan ressaltou que os Estados Unidos contabilizaram 60% dos esforços humanitários da UNFPA para vítimas e refugiados sírios dos terremotos na Turquia de 2023.
Segundo a oficial, a agência segue operando, com dificuldades, graças a doadores majoritários como Japão, Coreia do Sul e empresas turcas.
Khan também fez um apelo por apoio público e de mídia pela preservação dos serviços.
Os cortes são parte dos esforços da gestão Trump para fechar as portas da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), que financia programas em todo o mundo.
Críticos apontam que os cortes unilaterais de Trump, via decreto executivo, são ilegais, dado que alterar o orçamento ou eliminar uma agência do Estado demanda aprovação do Congresso.