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Forças israelenses destroem prédios e lojas no campo de refugiados de Tulkarm

26 de fevereiro de 2025, às 10h59

Explosão causada por ataques israelenses ao campo de refugiados de Nur Shams, em Tulkarm, na Cisjordânia ocupada, em 9 de fevereiro de 2025 [Zain Jaafar/AFP via Getty Images]

Tropas israelenses continuam a ocupar o campo de refugiados de Tulkarm, após destruírem ao menos 300 lojas e 40 prédios residenciais, incluindo cem apartamentos, e atearem fogo a dez casas, reportou o vice-governador da região, Faisal Salama.

O ataque ao campo segue há 30 dias, destacou Salama nesta terça-feira (25). Residentes foram deslocados sob a mira de fuzis e nem mesmo pertences pessoais foram poupados da violência israelense, observou.

Segundo Salama, as forças israelenses impuseram um perigoso precedente ao escavar uma estrada que corta quatro distritos locais: Balawneh, al-Hamam, al-Sawalmeh e Khadamat, ao culminar na rua Thanaba. Neste processo, vinte e seis edifícios foram destruídos, com danos às instalações adjacentes.

Ao menos 12 mil palestinos foram deslocados à força do campo de Tulkarm, mediante ameaças e terrorismo de Estado.

As aulas foram suspensas, notou o vice-governador, ao privar duas mil crianças de seu direito ao ensino, nas quatro escolas da Agência das Nações Unidas para a Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) radicadas no campo.

Serviços de saúde também foram interrompidos.

A ofensiva em curso também incorreu na destruição massiva da infraestrutura civil, incluindo redes de eletricidade, água, esgoto, internet e telecomunicações.

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Segundo Salama, está claro que Israel busca objetivos políticos e de relações públicas, em vez de pretextos militares ou de segurança.

Conforme sua análise, o alvo da campanha é precisamente a questão dos refugiados, na tentativa de impor uma nova engenharia social e demografia na região, ao substituir as comunidades nativas por colonatos ilegais.

Tensões permanecem altas na Cisjordânia ocupada — em paralelo ao genocídio em Gaza — com ao menos 920 mortos, sete mil feridos e 11 mil presos arbitrariamente desde outubro de 2023, segundo dados oficiais.

Em setembro de 2024, a Assembleia Geral das Nações Unidas, por maioria ampla, corroborou uma decisão do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) ao reconhecer a ilegalidade da ocupação israelense e requerer a evacuação de soldados e colonos, com prazo de um ano para ser implementada.

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