A Síria não aceitará qualquer violação de sua soberania, alertou nesta terça-feira (25) o ministro de Relações Exteriores da Síria, Asaad al-Shaibani, durante discurso realizado à Conferência de Diálogo Nacional, no Palácio do Povo em Damasco.
O ministro reiterou esforços do novo governo para suspender sanções impostas ao país durante o regime de Bashar al-Assad, destituído em dezembro.
“A Síria enfrentou circunstâncias excepcionais ao longo da última década, e que não se limitaram à guerra travada sistematicamente pelo regime”, disse al-Shaibani. “Contudo, apesar dos desafios, e após nossa libertação, não nos rendemos às pressões. Estamos trabalhando em uma diplomacia aberta e eficaz”.
Segundo a agência estatal Sana, al-Shaibani detalhou iniciativas da nova gestão: “A Síria compareceu a importantes fóruns internacionais e este é um passo crucial para reaver nosso papel no cenário da política externa. Não aceitaremos, porém, qualquer violação a nossa soberania ou identidade, mas continuaremos dispostos a construir laços com todos aqueles que nos respeitam e respeitam nosso povo”.
A Conferência de Diálogo Nacional teve início nesta terça, com quase 600 participantes. O discurso de abertura se deu pelo presidente interino Ahmed al-Sharaa.
“A Síria passou por muitos desafios e transformações no último século, desde o regime colonial à desordem política, passando pela República Árabe Unida, o partido Baath e a dinastia dos dois Assads”, recapitulou al-Sharaa. “Neste período, a Síria vivenciou duras dores e sofrimento — social, econômica, psicológica, moralmente e outras. Sim, fomos devorados por hienas que derramaram sangue, mas então veio a abençoada revolução popular, com seu claro caminho de vitória e libertação”.
Segundo al-Sharaa, a Síria está de volta nas mãos do povo: “Que preservemos, então, a sua confiança e cumpramos nossos deveres”.
O presidente advertiu, no entanto, que há partes interessadas em minar as conquistas da revolução: “Todavia, devemos confrontar firmemente qualquer um que intervenha em nossa segurança e união … a fim de transformar nossa tragédia em oportunidades de negócios”.
Sobre a demanda para que grupos da resistência síria entreguem suas armas, al-Sharaa destacou que a Síria é “indivisível”: “O monopólio das armas nas mãos do Estado não é um luxo, mas sim um dever e uma responsabilidade”.
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