O ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, alegou nesta segunda-feira (24) que seu partido, Sionismo Religioso, foi responsável pela decisão de sábado (22) de atrasar a soltura de palestinos detidos como parte do acordo de troca de prisioneiros e cessar-fogo firmado com o grupo Hamas.
“Nossa influência no processo decisório é bem grande, incluindo a decisão de não soltar aqueles 600 [palestinos] na noite de sábado”, insistiu Smotrich a jornalistas, durante encontro semanal de seu partido.
Segundo Smotrich, a decisão de não deixar o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, apesar da oposição de sua base de ultradireita e outros partidos, frente à trégua, é “provada correta dia após dia”.
“Não tiramos os olhos de nosso objetivo, pelo qual estamos no governo, que são garantir a conquista de todos os objetivos de guerra, especialmente a destruição completa do Hamas, militar, cível e politicamente”, afirmou o ministro.
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“Temos a oportunidade de participar de vários passos para mudar a história, ao aumentar a força e segurança de Israel nos próximos anos e em todos os fronts”, acrescentou.
Smotrich voltou a conduzir ameaçar, ao declarar que o Hamas “sabe muito bem que seu tempo na Terra está acabando, até que Israel volte a lutar com força e letalidade total, para subjugá-los e destruí-los”.
“Quando decidirmos que é hora de retomar a guerra, vocês vão se surpreender pela força, intensidade e letalidade da ocupação de Gaza”, reiterou o ministro, ao admitir dolo e prática de crimes de guerra e lesa-humanidade.
Segundo Smotrich, o intuito é manter Gaza sob gestão do recém-empossado chefe do Estado-maior do exército de Israel, Eyal Zamir, em coordenação com a presidência dos Estados Unidos de Donald Trump.
No sábado, o governo ocupante em Tel Aviv postergou a soltura do sétimo lote de prisioneiros palestinos, em nova violação da primeira fase do cessar-fogo.
O sétimo lote inclui 402 pessoas, incluindo 50 prisioneiros sob pena perpétua, 60 sob sentenças extensas, 47 ex-prisioneiros previamente libertados sob o acordo de Shalit, novamente abduzidos, e 445 palestinos sequestrados em Gaza, capturados durante o genocídio.
O acordo de troca de prisioneiros e cessar-fogo entrou em vigor em 19 de janeiro, interrompendo, ao menos por ora, a campanha de Israel em Gaza, com ao menos 48.350 mortos e dois milhões de desabrigados.
Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, emitiu mandados de prisão contra Netanyahu e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade cometidos em Gaza.
Israel é também réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), sob denúncia sul-africana deferida em janeiro.
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