Uma cidadã israelense, mantida como prisioneira de guerra em Gaza até junho último, confirmou ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) que os bombardeios indiscriminados de Israel quase a mataram, junto de outros concidadãos, enquanto estavam em custódia.
“Preciso ter certeza de que o mundo saiba: o acordo [de cessar-fogo] deve continuar … completamente, em todas as suas fases”, destacou Noa Argamani, antes de relembrar o ataque à residência onde estava, deixando-a debaixo de escombros.
“Não conseguia me mexer. Não conseguia respirar”, notou. “Pensei, estes vão ser meus últimos segundos de vida. Estar aqui hoje, com vocês, é um milagre”.
O exército da ocupação anunciou o resgate de Argamani e outros três reféns em junho, após uma violenta operação militar no campo de refugiados de Nuseirat, no centro de Gaza, que deixou centenas de civis palestinos mortos e feridos.
LEIA: ‘Nossos filhos foram abandonados’, dizem familiares dos reféns a Netanyahu
Argamani voltou a Israel após oito meses em cativeiro. Seu parceiro, Avinatan Or, segue em custódia dos grupos de resistência em Gaza e deve ser libertado durante a segunda fase do acordo de cessar-fogo e troca de prisioneiros.
A primeira fase teve início em 19 de janeiro, prevista para expirar no sábado (1º).
Sigrid Kaag, enviado das Nações Unidas para o Oriente Médio e coordenador sênior de Reconstrução e Resposta Humanitária em Gaza, destacou que uma eventual retomada das hostilidades “deve ser evitada a todo custo”.
Ao Conselho de Segurança, insistiu Kaag: “O trauma é inegável de ambos os lados [sic]. Em minha última visita a Gaza, logo após o cessar-fogo entrar em vigor, mais outra vez me comovi por um senso de absoluta devastação [e] desespero devido a perda, trauma e um sentimento de abandono”.
Em agosto, Argamani desmentiu rumores difundidos pelo exército e pela imprensa de Israel de que fora espancada por combatentes das Brigadas Izz ad-Din al-Qassam, braço armado do movimento Hamas.
Argamani reiterou no Instagram que seus hematomas se deviam ao desmoronamento de uma parede sobre ela, após um bombardeio israelense, e não a qualquer abuso por parte de seus carcereiros.
LEIA: Smotrich assume crédito por atrasar soltura de prisioneiros palestinos